CAN-2025: Guarda-redes do Uganda, Denis Onyango, explica decisão de regressar da reforma

Denis Onyango, guarda-redes do Uganda
Denis Onyango, guarda-redes do UgandaSayed HASAN / AFP / AFP / Profimedia

O guarda-redes do Uganda, Denis Onyango, explicou porque decidiu voltar atrás na decisão de pendurar as luvas e regressar ao serviço da seleção nacional.

Onyango, que representa os campeões da Premier Soccer League (PSL) da África do Sul, Mamelodi Sundowns, anunciou a sua retirada da seleção após o Uganda não ter conseguido a qualificação para a Taça das Nações Africanas (CAN) de 2021.

No entanto, após quatro anos afastado, Onyango regressou à seleção em agosto de 2025, quando a equipa se preparava para os jogos de qualificação para o Mundial-2026, frente a Moçambique e Somália.

Antes de se retirar, Onyango, que se estreou internacionalmente a 18 de junho de 2005, num jogo de qualificação para o Mundial frente a Cabo Verde, ajudou os Cranes a garantir a presença na CAN-2017, tendo concedido apenas dois golos em seis jogos no grupo de qualificação.

Fez a sua primeira aparição na CAN na 31.ª edição, organizada por Gabão em 2017, e tornou-se capitão em abril desse ano. Atualmente, Onyango encontra-se com o Uganda em Marrocos para a CAN-2025.

"Jogar numa CAN é sempre especial"

“O que mais me motivou foi o rumo que a equipa estava a tomar. Acompanhei de perto a qualificação e vi um grupo com grande carácter e uma identidade bem definida. Estavam a crescer como equipa sólida, e isso deu-me confiança”, afirmou o guarda-redes de 40 anos, que iniciou a carreira no seu país natal e depois jogou na África do Sul pelo Supersport United e Mpumalanga Black Aces, à CAF Media.

“A maior motivação, no entanto, foi a oportunidade de voltar a competir ao mais alto nível. Jogar numa Taça das Nações Africanas é sempre especial, e só isso já é uma motivação enorme. Fui incentivado a regressar para ajudar os jovens guarda-redes, sobretudo depois da lesão prolongada de Isma Watenga", acrescentou.

O selecionador acreditou que eu podia contribuir dentro e fora do relvado, e a confiança que depositou em mim foi determinante na minha decisão. Representar a seleção nacional significa muito para mim e, apesar de não ter sido uma escolha fácil, foquei-me nos aspetos positivos", explicou Denis Onyango.

Sobre jogar a este nível aos 40 anos, Onyango disse: “É muito significativo. Já não sou jovem, mas quando vemos jogadores como Cristiano Ronaldo ainda a atuar aos 40, ou alguém como o capitão de Moçambique, Elias Pelembe, ainda em grande aos 42, é inspirador. A idade torna-se menos relevante quando se valoriza a qualidade, a experiência e o que se traz à equipa. Para mim, estar aqui permite-me partilhar a minha experiência com os mais jovens, especialmente os guarda-redes, e ajudar a elevar o nível global da equipa. Isso torna este momento ainda mais especial.”

Questionado sobre o que o mantém motivado apesar da idade, respondeu: “Sinceramente, nunca imaginei que estaria a jogar uma CAN aos 40 anos. Achei que a nova geração tomaria conta do lugar por completo, e fizeram um excelente trabalho ao qualificar a equipa para este torneio. O meu regresso reflete o trabalho que continuei a fazer no clube, nos Sundowns, mesmo sem jogar com regularidade. Os treinadores perceberam que ainda podia inspirar a equipa e partilhar a minha experiência. Trabalhar com os jovens guarda-redes e puxar por eles para evoluírem tem sido uma grande fonte de motivação para mim.”

"Sou muito rigoroso com o meu treino"

Onyango, que conquistou a Liga dos Campeões Africanos em 2016 e participou no Mundial de Clubes da FIFA em 2016, com o Mamelodi Sundowns, atribui ainda a sua longevidade no desporto à disciplina e dedicação.

“A disciplina tem sido fundamental,” afirmou Onyango, eleito Jogador Africano do Ano a atuar em África em 2016.

“O meu clube tem cuidado muito bem de mim e ajudou-me a manter a forma. Sou muito rigoroso com o treino, a recuperação, a alimentação e o descanso. A minha família também tem tido um papel enorme. A minha mulher e os meus filhos lembram-me constantemente de quem sou e do que sou capaz. Tudo isso mantém-me focado e motivado. O futebol deu-me tudo, e acredito que devo sempre retribuir ao jogo", acrescentou.

Onyango, que foi considerado o 10.º melhor guarda-redes do mundo na lista de 2016, elaborada pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, classificou a atual CAN em Marrocos como muito especial.

“Cada torneio é diferente. Desde a minha estreia na CAN no Gabão, passando pelo Egito 2019 e agora Marrocos 2025, cada um tem a sua história e desafios. Marrocos já se sente especial. As infraestruturas são de topo e tudo está muito bem organizado”, explicou.

“Para mim, o objetivo é desfrutar da experiência e contribuir para aquilo que acredito poder ser uma caminhada especial com os Cranes do Uganda", assumiu.

“Quero ajudar a equipa a passar à fase seguinte porque sei o que é preciso a este nível. Quero motivar os mais jovens e ajudá-los a perceber o verdadeiro significado de representar o país numa CAN. Este torneio pode mudar vidas. Há olheiros atentos, surgem oportunidades e as carreiras podem seguir novos rumos. Vejo-me também como uma ponte entre a equipa técnica e os jogadores, e como apoio ao capitão Khalid Aucho, permitindo-lhe focar-se mais no seu desempenho em campo. Para os guarda-redes, o meu papel é simples: puxar por todos para estarem prontos quando chegar a sua oportunidade", explicou o guardião.

Onyango ficou no banco por decisão do treinador Paul Put, no arranque da campanha do Uganda na CAN em Marrocos, com uma derrota por 3-1 frente à Argélia. Salim Jamal Magoola foi o escolhido para a baliza no jogo inaugural do Grupo C, no Stade Olympique Annexe Complexe Sportif Prince Abdellah.

Com dois jogos por disputar para fechar a fase de grupos, Onyango espera poder ser titular. Os próximos adversários do Uganda serão a Tanzânia e a Nigéria.