CAN-2025: Hakimi pronto para liderar Marrocos como favorito ao título

Hakimi está prestes a ser uma das estrelas da CAN
Hakimi está prestes a ser uma das estrelas da CANAbdel Majid BZIOUAT / AFP / AFP / Profimedia

Marrocos conta com o fator casa, uma equipa que detém o recorde mundial de 18 vitórias consecutivas em jogos internacionais e um capitão inspirador, Achraf Hakimi, na busca pela glória na Taça das Nações Africanas de 2025.

As expectativas são elevadas no reino para que os Leões do Atlas ergam o troféu mais cobiçado do futebol africano pela segunda vez, a 18 de janeiro – 50 anos depois da última conquista.

No entanto, os resilientes detentores do título, a Costa do Marfim, o conjunto de Mohamed Salah que capitaneia o Egito, a Nigéria inspirada por Victor Osimhen e o  Senegal liderado por Sadio Mané estão entre os adversários capazes de estragar o sonho marroquino.

A AFP Sport faz uma retrospetiva do principal evento desportivo africano, desde a sua modesta estreia em 1957 até ao torneio de 2025, que promete atrair audiências televisivas globais desde o primeiro jogo, a 21 de dezembro.

Histórico

Apenas os anfitriões Sudão, os campeões Egito e Etiópia participaram na CAN de 1957, depois de a África do Sul ter sido desqualificada por pretender apresentar uma equipa exclusivamente branca ou negra. Com o passar dos anos, o número de equipas na qualificação foi aumentando: seis em 1963, oito cinco anos depois, 12 em 1992, 16 quatro anos mais tarde, e o Egito organizou o primeiro torneio com 24 seleções em 2019.

Gigantes

Egito (sete títulos), Camarões (cinco), Gana (quatro), Costa do Marfim e Nigéria (três cada) têm dominado a CAN, conquistando 22 das 34 edições disputadas. Estrelas como o guarda-redes Essam El Hadary, o defesa-central Wael Gomaa e os médios Mohamed Aboutreika e Mohamed Barakat ajudaram o Egito a vencer três finais consecutivas entre 2006 e 2010, um recorde.

Ausências

Gana e Cabo Verde, ambas presentes na qualificação para o Mundial-2026, serão as ausências mais notadas na CAN em Marrocos após campanhas de qualificação desastrosas. Cabo Verde somou apenas uma vitória em seis jogos e Gana, tetracampeã, teve um desempenho ainda pior – três empates e três derrotas.

Favoritos

Marrocos será a equipa a abater, determinada a pôr fim a uma série de campanhas dececionantes. Era apontada como favorita na Costa do Marfim no ano passado, mas foi eliminada nos oitavos de final, ao perder 2-0 frente à África do Sul. Entre os adversários, Nigéria e Camarões estão feridos por não terem conseguido o apuramento para o Mundial-2026, o Egito não conquista o continente há 15 anos e o Senegal procura redenção após uma campanha fraca em 2024.

Outsiders

Dos 12 candidatos que nunca venceram a CAN, o Mali destaca-se como uma equipa capaz de chegar longe, depois de ter sido eliminado nos quartos de final pela Costa do Marfim no ano passado, num jogo marcado pelo azar. "Respeitamos todos, mas não tememos ninguém. A nossa ambição é permanecer nesta competição até ao fim", afirma Tom Saintfiet, treinador belga dos Eagles.

Estrelas

O selecionador de Marrocos, Walid Regragui, está confiante de que o capitão e defesa Hakimi recuperará de uma entorse no tornozelo, afirmando: "Esperamos que esteja disponível para o nosso primeiro jogo frente às Comores". Dos 10 jogadores nomeados para o prémio de melhor futebolista africano de 2025, conquistado por Hakimi, oito deverão estar presentes em Marrocos. O médio dos Camarões Andre-Frank Zambo Anguissa está lesionado e Serhou Guirassy fica de fora, já que a Guiné não se qualificou.

Preparação

A decisão da FIFA de alterar a data de libertação dos jogadores africanos que atuam em clubes europeus de 8 para 15 de dezembro causou grande descontentamento entre os treinadores, obrigando a mudanças drásticas nos planos de preparação. "A FIFA só precisa de África durante as eleições, mas não valoriza as nossas competições como a CAN nem lhes dá o reconhecimento merecido", afirmou o treinador de Angola, Patrice Beaumelle, natural de França.

Lucro

Quando o Senegal venceu a CAN-2022 nos Camarões, a Confederação Africana de Futebol (CAF) registou um lucro inferior a 10 milhões de dólares. Para a edição de 2025 em Marrocos, a organização sediada no Cairo prevê um excedente de 110 milhões de dólares, graças ao aumento significativo das receitas provenientes dos direitos televisivos.

Apoio

Um problema recorrente em várias CAN é a fraca assistência nos jogos sem a presença da seleção anfitriã, o que transmite a falsa ideia de pouco interesse pelo torneio. Na edição de 2024, na Costa do Marfim, verificou-se uma melhoria notável e os responsáveis marroquinos esperam atrair milhares de adeptos aos estádios para cada um dos 36 jogos da fase de grupos e 16 encontros a eliminar.

Segurança

Objetos cortantes foram lançados para o relvado durante um recente jogo da Liga dos Campeões da CAF entre os locais FAR Rabat e o clube egípcio Al Ahly, servindo de alerta oportuno para as autoridades de segurança marroquinas. A hostilidade contra equipas visitantes, que resulta numa chuva de projéteis, dirigentes corruptos que permitem ultrapassar os limites de lotação e o controlo deficiente das multidões continuam a ser problemas no futebol africano.