CAN-2025: Hugo Broos pede desculpa pelos comentários sobre Mbokazi mas mantém preocupações

Hugo Broos, selecionador da África do Sul
Hugo Broos, selecionador da África do SulFADEL SENNA / AFP

O selecionador da África do Sul, Hugo Broos, pediu desculpa pela escolha das suas palavras, mas insiste que não foi nem racista nem sexista na conferência de imprensa da semana passada, que gerou alarme em alguns setores.

Hugo Broos não poupou críticas ao defesa Mbekezeli Mbokazi por ter chegado atrasado ao estágio, assim como ao agente do jogador, Basia Michael, pela transferência para o Chicago Fire, da Major League Soccer.

Agora, será alvo de uma investigação por parte da Comissão dos Direitos Humanos da África do Sul (SAHRC), a poucos dias do arranque da Taça das Nações Africanas de 2025.

A Federação Sul-Africana de Futebol manifestou o seu apoio ao treinador, e Hugo Broos conta com bastante crédito junto do público sul-africano, depois de garantir sucessivas qualificações para a CAN e o apuramento para o Mundial de 2026.

No entanto, a polémica deixou um sabor amargo, que o treinador abordou perante os jornalistas esta segunda-feira.

"A minha família, a minha mulher, os meus filhos e netos também sofreram (com as consequências)", afirmou Broos.

"Joguei com pessoas de cor, treinei-as, trabalhei com elas na Argélia, nos Camarões – e, nos últimos quatro anos, na África do Sul. Podem perguntar a qualquer um deles que tipo de pessoa sou. Talvez alguns digam: 'É um mau treinador'. Talvez outros digam: 'É um bom treinador.' Talvez me chamem de 'teimoso', mas ninguém me chamaria de 'racista'", acrescentou.

Broos sugeriu depois que Mbokazi precisa de pessoas à sua volta que o orientem devidamente, e afirma que isso não tem acontecido.

"Quando o Mbokazi foi lançado na equipa dos Pirates, percebemos logo o seu talento,” disse Broos.

"Foi recompensado com a chamada à Bafana Bafana (em junho) e tornou-se titular. A sua vida mudou e, de repente, passou a ter muitos amigos. Alguns com boas intenções, outros a tentar aproveitar-se dele. Quando se atrai tanta atenção tão rapidamente, sendo um jovem futebolista de 20 anos, é fundamental ter orientação de pessoas capazes de evitar más decisões. O cartão vermelho frente ao Zimbabué (num jogo de qualificação para o Mundial em outubro) foi uma das más decisões que me fizeram suspeitar que essa orientação não era suficiente", explicou Hugo Broos.

"Pior ainda, foi protegido de eventuais sanções. Quando o Mbokazi chegou atrasado ao estágio da Bafana Bafana para preparar o torneio mais importante do continente, fiquei extremamente irritado, mas ainda mais quando algumas pessoas me enviaram uma história estranha para justificar o atraso", acrescentou o treinador.

"Deixei que o meu lado paternal se sobrepusesse na resposta, porque vi que as coisas podiam correr mal. Seria uma pena se o Mbokazi não seguisse a carreira para a qual tem talento, por falta de orientação adequada enquanto jovem, humilde e inexperiente. Reconheço que a escolha das minhas palavras não foi a melhor e peço desculpa por isso, mas nunca quis fazer um comentário racista ou sexista. Não sou racista nem sexista", assumiu.

A África do Sul está inserida no Grupo B da CAN e estreia-se frente a Angola na próxima segunda-feira. Vai ainda defrontar Egipto e Zimbabué no seu grupo.