Exclusivo Flashscore com Said Bakari: "Se saíres do PSG e te tornares profissional, é fantástico"

Said Bakari do Sparta antes do jogo da Eredivisie contra o FC Groningen
Said Bakari do Sparta antes do jogo da Eredivisie contra o FC GroningenYannick Verhoeven, Parallax Pictures / Alamy / Profimedia

Depois de uma longa caminhada que o levou das ruas de Saint-Denis à academia do Paris Saint-Germain e dos escalões amadores belgas à Taça das Nações Africanas, o lateral-direito do Sparta Rotterdam, Said Bakari, afirma sentir-se orgulhoso e afortunado: “E depois estou eu.”

"Estou bem," Said Bakari diz pouco depois de terminar o treino matinal no complexo de treinos do Sparta Rotterdam, Nieuw Terbregge.

O comoriano está na terceira época ao serviço do clube de Roterdão, com quem conseguiu uma verdadeira fuga ao evitar a descida da Eredivisie neerlandesa após uma primeira metade da temporada 2024/25 bastante difícil. O tempo de jogo já não é o mesmo de antes, mas isso não o preocupa antes de representar as Comores na Taça das Nações Africanas em Marrocos.

"No futebol pode acontecer muita coisa. Claro que queremos jogar mais. Houve muitos jogos, tanto pelo clube como internacionalmente, por isso consegui jogar e manter-me em forma. Mas estou bem, também mentalmente. Sou uma pessoa paciente."

Passo a passo

Bakari, de 31 anos, tem sido titular regular nos Países Baixos desde que se juntou ao RKC Waalwijk vindo dos amadores belgas do Namur em 2017. O percurso do lateral, nascido em França, até ao topo foi longo e singular, começando no clube amador francês FC Bourget aos 13 anos e mudando-se para o Paris Saint-Germain aos 16.

Contudo, após uma época nos gigantes de Paris, Bakari transferiu-se para o vizinho Red Star antes de passar cinco anos nos escalões amadores do futebol francês e belga.

"Não foi fácil, mas sempre tive como objetivo jogar futebol," disse Bakari ao Flashscore numa entrevista exclusiva.

Said Bakari, a jogar pelo RKC Waalwijk, em duelo com Noussair Mazraoui do Ajax
Said Bakari, a jogar pelo RKC Waalwijk, em duelo com Noussair Mazraoui do AjaxOrange Pictures, Orange Pics BV / Alamy / Profimedia

"Fui avançando passo a passo, e cada subida era uma recompensa que me dava ambição e motivação para continuar. Nunca imaginei, de imediato, passar dos amadores à seleção nacional, que era o meu objetivo quando jogava em França. Sabia que tinha de ir passo a passo. Não foi fácil, mas a experiência tornou-me mais forte e melhor jogador."

Segundo Bakari, o tempo passado no Chantilly, Turnhout, Bonchamp e Namur foi positivo.

"Foi uma boa experiência. Aprendi algo em todo o lado, mesmo quando desci, por assim dizer. Aprendi mais durante o ano em que entrei nos amadores, porque tive de trabalhar além de jogar futebol, e assim conheci também esse lado da vida."

Grandes elogios ao Paris Saint-Germain

Durante a sua única época no Paris Saint-Germain, Bakari jogou nas equipas amadoras do clube, apesar de pertencer à mesma geração de estrelas atuais como Mike Maignan, Presnel Kimpembe, Adrian Rabiot e Ferland Mendy. Como vê os seus colegas dessa geração?

"Fico feliz por eles," afirmou Bakari: "Não joguei com todos, mas joguei com o Ferland Mendy, que agora está no Real Madrid. São jogadores muito trabalhadores. O Mendy passou por momentos muito difíceis que poucos conhecem."

Equipa jovem do Paris Saint-Germain no torneio Mondial Pupille em 2008 com Ferland Mendy (quarto, fila de cima) e Kingsley Coman e Presnel Kimpembe (segundo e terceiro, fila de baixo)
Equipa jovem do Paris Saint-Germain no torneio Mondial Pupille em 2008 com Ferland Mendy (quarto, fila de cima) e Kingsley Coman e Presnel Kimpembe (segundo e terceiro, fila de baixo)Studio Loïc Guipavas

O enorme talento presente nas camadas jovens do clube deixou uma marca duradoura em Bakari, que seguiu um percurso diferente dos nomes mencionados.

"Mostra que não há um único caminho para chegar ao topo; cada um tem o seu percurso. Tive um bom ano no PSG. Havia muitos bons jogadores. Se saíres dali e te tornares profissional, é fantástico. Em cada geração do Paris Saint-Germain há pelo menos dez jogadores com potencial para serem profissionais."

A jornada de Bakari das ruas de Saint-Denis à Eredivisie neerlandesa e aos maiores palcos do futebol africano por vezes dificulta ao jogador das Comores colocar tudo em perspetiva.

"O tempo passa, não há tempo para parar e perceber onde estou hoje. Por vezes, paro para pensar no que já fiz na vida e sinto orgulho. Vim de longe," disse.

O jogador de 31 anos está praticamente garantido na convocatória das Comores para a próxima CAN, em que a pequena nação insular vai competir no Grupo A com Mali, Zâmbia e os anfitriões Marrocos.

Com o torneio a aproximar-se, Bakari reconhece a sorte que tem em estar aqui.

"Tiro um momento para ser positivo, para refletir sobre o meu percurso. Por vezes sinto-me orgulhoso, forte ou agradecido, porque nem todos têm esta oportunidade. Quando penso nas minhas antigas equipas, como o RKC Waalwijk Sub-21, talvez um ou dois jogadores tenham chegado a profissionais. E depois estou eu. É preciso ter orgulho nisso."

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AutorFlashscore