Luís Conceição defende que formação de futsal feminino está anos à frente de outros países

Luís Conceição guiou seleção feminina de futsal à medalha de prata no Mundial
Luís Conceição guiou seleção feminina de futsal à medalha de prata no MundialDIOGO FARIA REIS/LUSA

A formação do futsal feminino em Portugal, a par com Espanha, está “10 ou 15 anos” à frente de outros países, mesmo do campeão mundial Brasil, considerou o selecionador português, Luís Conceição.

Em entrevista à agência Lusa, após o segundo lugar no primeiro Mundial, o selecionador deixou elogios à formação em Portugal, lembrando, contudo, a dimensão da base de recrutamento ser muito mais baixa do que, por exemplo no Brasil, onde “se levanta uma pedra e se tiram duas ou três atletas”.

Apesar de ainda não existir competições exclusivamente femininas em todos os escalões de formação, Luís Conceição disse que até é positivo que “possam competir com os rapazes, porque as ajuda a crescer, num jogo mais físico, mais rápido, que obriga a elas, principalmente as melhores, a ter outra disponibilidade física para o jogo”.

“Algumas das nossas melhores atletas, que hoje estão na Seleção A, iniciaram a sua prática com os rapazes, até uma certa idade. Nós sabemos que depois há uma fase que elas têm que passar, começar a jogar com as raparigas”, assumiu.

Para o selecionador, “o percurso é este” e as jogadoras têm que ter oportunidades, mesmo que seja com os rapazes, pois, “com o passar do tempo, elas vão ser integradas ou em equipas masculinas, ou em equipas mesmo femininas de outras idades”.

“Mas este tem que ser o caminho. Isto são coisas que levam muitos anos. Neste momento, Portugal e Espanha, neste capítulo, estão muito à frente dos outros países. Estamos 10 ou 15 anos à frente dos outros países. Estamos mesmo à frente do próprio Brasil”, afiançou.

Luís Conceição assegura que, na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), estão “com uma expectativa muito alta, porque este Mundial teve mesmo muito impacto”, o que poderá trazer mais jogadoras para o futsal.

“Esta competição, da forma como foi extremamente positiva, acho que vai ter influência em nós termos cada vez mais meninas a procurar o futsal. Esse é um dos nossos objetivos. (...) Temos de ter cada vez mais meninas a jogar futsal na formação. Para quando chegarem aos seniores termos atletas com mais anos, com formação de futsal”, disse o treinador.

Luís Conceição reiterou a importância de haver mais aposta nas jovens jogadoras portuguesas e que era importante que aparecessem mais clubes a fazer uma forte aposta na modalidade: “Nós precisamos de ter mais atletas nossas portuguesas com mais qualidade. Não é que as estrangeiras não sejam bem-vindas, são bem-vindas, desde que tenham qualidade, desde que acrescentem muita qualidade ao nosso campeonato”, disse.

O selecionador salientou saber que ainda não há “atletas suficientes para fazer três ou quatro equipas, muito competitivas, ao nível do Benfica e do Nun’Álvares”, mas pediu aos clubes para “olharem muito para as seleções jovens e darem a possibilidade às meninas que estão na sub-19 e mesmo algumas sub-17 para competirem nas principais equipas. Isso é extremamente importante”.

“Eu lembro-me, fazendo só aqui um apanhado, dos casos da Martinha, da Leninha, da Fifó, da Janice, da Carolina Pedreira, da Kika, que são a base agora da nossa seleção A, quando ainda eram sub-17, sub-18, já andarem a jogar no nosso campeonato nacional”, referiu.

Várias das jogadoras que estão agora na seleção principal passaram também pela equipa universitária, que se sagrou campeã mundial, com Luís Conceição a alertar para a importância de as jogadoras privilegiarem os estudos.

“Todos os estágios que terminamos, a mensagem que passamos para elas no final: ‘é meninas, vocês nunca vão viver do futsal, só do futsal nunca vão fazer, metam isso é na vossa cabeça. Vocês têm que ter mais qualquer coisa. O futsal pode-vos ajudar. O plano A será sempre a escola. O futsal será um plano B, que vos pode ajudar depois no plano A”, afirmou.