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Mbappé admite que a saúde mental continua a ser um tabu nos desportos de elite

Mbappé em serviço internacional
Mbappé em serviço internacional Reuters / Benoit Tessier
O capitão da seleção francesa, Kylian Mbappé, afirmou que os atletas de topo ainda estão relutantes em falar abertamente sobre saúde mental por receio de serem julgados, acrescentando que a sua paixão pelo jogo é o que o impede de se desencantar com o futebol.

Numa entrevista extensa à L’Équipe Magazine, publicada na quarta-feira, o avançado de 26 anos falou de forma franca sobre a pressão que enfrenta e sobre a perceção de que os jogadores de elite não podem demonstrar vulnerabilidade.

“A complexidade é que as pessoas lutam contra isso. Não é suposto mostrá-lo. Se tivesse dito isso no início, teria sido arrasado. Mas quando se ganha, é-se quase intocável. Se perdermos um jogo e dissermos que estamos cansados, as pessoas dizem que é porque jogámos mal, mesmo que já nos sentíssemos assim antes”, disse Mbappé, ao comentar a situação de ciclistas como o tetracampeão da Volta à França, Tadej Pogacar, que reconheceu ter passado por momentos de angústia durante a competição.

O avançado do Real Madrid, que marcou dois golos em vitórias de qualificação para o Mundial contra a Ucrânia e a Islândia, sublinhou que os padrões de exigência são elevadíssimos.

“Nunca quis aceitar o fracasso, por isso não me importo que as pessoas me critiquem por isso. Sou muito exigente comigo mesmo, mais do que a maioria, e estou em paz com isso”, afirmou.

“Nunca quis aceitar o fracasso, por isso não me importo que as pessoas me critiquem por isso. Sou muito exigente comigo mesmo, mais do que a maioria, e estou em paz com isso”, afirmou.

Mbappé também destacou a linha ténue entre a expetativa pública e as emoções privadas.

“Em casa, posso dizê-lo. Ou quando o contexto é propício. Se eu ganhar o Mundial, se vierem três dias depois e me perguntarem, posso dizê-lo. Mas depois de uma derrota? As pessoas não aceitam. Sinceramente, se não tivesse esta paixão, o futebol já me teria enojado há muito tempo”, confessou.

A entrevista também abordou a trajetória do francês ao serviço da seleção, do Paris Saint-Germain e agora do Real Madrid, mas Mbappé insistiu que as batalhas mais difíceis são, muitas vezes, internas.

“Não se tem o direito de perder, de estar errado. Mas é também por isso que as pessoas nos têm em alta estima, porque aceitamos tudo, porque nos mantemos resilientes e queremos sempre vencer”, concluiu.