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Grande Prémio do México: Dez anos de uma paixão que veio para ficar

Grande Prémio da Cidade do México: 10 anos de uma paixão que veio para ficar
Grande Prémio da Cidade do México: 10 anos de uma paixão que veio para ficarJAVIER JIMENEZ / Javier Jimenez / DPPI via AFP

Sempre festivo e colorido, o Grande Prémio da Cidade do México tornou-se um fenómeno cultural que ultrapassou as fronteiras da Fórmula 1. Um evento que celebra 10 anos desde o seu ressurgimento, com toda a intenção de perdurar no tempo.

Em Polanco, um bairro abastado, o trânsito apoderou-se por estes dias dos sentidos, enquanto transeuntes e automobilistas suspiram com um selo de frustração. Habituados aos picos de carros apinhados a certas horas, o trânsito desde cedo rompeu rotinas. O culpado: o fenómeno cultural do Grande Prémio da Cidade do México.

É a terceira etapa em que a Fórmula 1 põe os olhos no México. Mas, longe das anteriores, esta última foi definitiva e apaixonada como poucos poderiam imaginar. O enraizamento da celebração ficou claro na afición mexicana, que não tardou nada em fazer sua, e à sua maneira, a celebração.

Este aspeto notório da idiossincrasia mexicana, o de acolher todos aqueles que valorizam o que o país e o seu povo são, foi determinante para gerar um vínculo que se estabeleceu como parte medular do calendário da máxima categoria do automobilismo. E o que a capital mexicana vive nestes dias dominados pela cor das equipas e dos seus pilotos é inigualável.

O efeito ‘Checo’ Pérez

Com vista a um fim de semana sempre especial no calendário da Fórmula 1, um evento da Ferrari em Polanco para inaugurar as suas atividades na Cidade do México, e para apresentar os seus pilotos, Lewis Hamilton e Charles Leclerc, provocou um rebuliço emocional que levou a gritos e até lágrimas de emoção entre o público.

Grande parte deste contexto amigável e apaixonado dos mexicanos pela Fórmula 1 tem um culpado. Sergio ‘Checo’ Pérez é um dos atletas que o país tem como um dos melhores da sua história. Sempre com o carácter à frente e o talento como bandeira, Sergio Pérez apropriou-se todos os anos dos sentidos na véspera do Grande Prémio do México.

E, embora durante os primeiros anos os resultados tenham sido esquivos, a sua contratação pela Red Bull mudou tudo. Dois pódios, em 2021 e 2022, acabaram por cativar aqueles que se recusavam a entregar-se à ‘Checomania’. Uma revolução que acabou por envolver todos os pilotos que, com muita astúcia, entregam-se ao colorido mexicano com desenhos nos seus capacetes, automóveis e até vestuário.

Um Grande Prémio distinto e nostálgico

Devido a esse amor imaculado pelo piloto mexicano, a afición sofreu quando foi informado que Sergio Pérez deixava de fazer parte da Red Bull e ficava sem lugar para a temporada de 2025. Uma afronta ao espírito patriótico que chegou mesmo, por breves instantes, a pôr em dúvida o futuro do Grande Prémio mexicano.

Mas, longe de se sentirem ofendidos com o que consideraram um desprezo por Sergio Pérez e pela afición mexicana, os organizadores e o Governo compreenderam o valor espiritual e económico do evento: em 10 anos, o Grande Prémio do México recebeu pouco mais de 3,2 milhões de adeptos, com um impacto económico de quase 140 mil milhões de pesos (cerca de 7 mil milhões de dólares). Números que serviram para prolongar o vínculo até, pelo menos, 2028.

A grande notícia, para alguns hipocondríacos que acreditavam que a ausência de Sergio Pérez na pista iria provocar um êxodo emocional do público, a resposta dos mexicanos ao evento foi tão magistral como nos anos anteriores. Mas a notícia do regresso de ‘Checo’ com a escuderia Cadillac, para se estrear em 2026, impulsionou o pouco ânimo decaído que pudesse haver no ambiente.

"Vai ser diferente, mas é uma boa sensação poder ver o que conseguimos como afición, patrocinadores e pilotos em 10 anos", afirmou Sergio Pérez nos últimos dias, ao confirmar que estará entre os presentes nas fervorosas bancadas do Autódromo Hermanos Rodríguez, ali onde bastou uma década para construir um legado que pretende ser eterno e à prova de fogo.