Pontos de destaque da Fórmula 1: Conseguirá Norris vencer duas vezes seguidas?

O piloto britânico da McLaren, Lando Norris (C), celebra com a sua equipa em Abu Dhabi após conquistar o campeonato de 2025
O piloto britânico da McLaren, Lando Norris (C), celebra com a sua equipa em Abu Dhabi após conquistar o campeonato de 2025GIUSEPPE CACACE / AFP

O sucesso de Lando Norris com a McLaren, ao pôr fim ao domínio de quatro anos de Max Verstappen como campeão do mundo no domingo, marcou o início de um inverno de mudanças radicais na Fórmula 1.

A conquista do título pelo britânico de 26 anos no Grande Prémio de Abu Dhabi aconteceu na última corrida antes da chegada dos novos carros e alterações técnicas em 2026 – e assinalou o fim de uma cultura de “vencer a qualquer custo” na modalidade.

A AFP Sport destaca três aspetos a acompanhar na próxima época.

Poderá Norris manter-se fiel ao seu estilo?

Norris afirmou que conquistou o título à sua maneira e com uma equipa que respeitou as suas próprias “regras papaya” de igualdade, mesmo sob enorme pressão.

O seu triunfo gerou uma onda de emoção não só pela vitória, mas também pela forma como a alcançou e pela maneira como geriu o impacto do momento.

“Sinto que consegui vencer da forma que queria, sem deixar de ser quem sou. Não tentei ser tão agressivo como o Max ou tão impositivo como outros campeões do passado, seja de que forma for".

“O meu estilo é simplesmente tentar ser uma boa pessoa e um bom elemento da equipa".

Até mesmo Verstappen, visto por muitos como o herdeiro natural de Ayrton Senna e Michael Schumacher, e que sempre adotou uma postura implacável, como descreveu Damon Hill, campeão em 1996, suavizou o seu estilo este ano.

A saída de Christian Horner, chefe de equipa da Red Bull durante muitos anos e com grande sucesso, também contribuiu para um ambiente menos divisivo no paddock, com o respeito pelo compromisso da McLaren com corridas justas e sem ordens de equipa a definir uma nova tendência para o futuro.

“Não me orgulho apenas de poder dizer que sou campeão do mundo,” acrescentou Norris. “Sinto orgulho porque acho que consegui fazer muita gente feliz".

O seu colega de equipa Oscar Piastri demonstrou total respeito pelo regulamento interno da McLaren ao longo da época, mesmo tendo ficado por vezes frustrado com o azar, e será novamente um adversário forte em 2026, com novas equipas, carros, regras e formações.

Mercedes é apontada como favorita com novo motor

A Mercedes é vista como a equipa a bater na próxima temporada, tendo desenvolvido uma nova unidade motriz que muitos rivais acreditam poder relançar a equipa como protagonista.

O conjunto alemão tem vindo a trabalhar e a testar este projeto há bastante tempo, com um grande investimento, e espera que Kimi Antonelli, que brilhou em vários momentos da sua época de estreia, possa crescer e desafiar George Russell.

Os carros serão mais leves, compactos e ágeis com as novas regras, com uma redução de 30 quilos no peso. Serão também mais curtos e estreitos.

A Mercedes irá fornecer motores à sua própria equipa de fábrica, bem como à McLaren, Williams e Alpine, enquanto a Red Bull e a equipa-irmã Racing Bulls utilizarão os Red Bull Powertrains, desenvolvidos internamente após a separação da Honda.

A Ferrari continuará a utilizar os seus próprios motores, como sempre, e irá manter o fornecimento à Haas e à nova equipa Cadillac.

Audi espera afirmar-se como candidata séria

Depois de uma temporada de 2025 irregular, que terminou com apenas um pódio e 70 pontos, a Audi – anteriormente Sauber – espera tornar-se um concorrente de peso no meio do pelotão em 2026. Terminou em nono, apenas à frente da Alpine na época que agora terminou.

A Audi manterá a dupla de pilotos Nico Hulkenberg, que disputou o seu 250.º Grande Prémio no domingo, e Gabriel Bortoleto, enquanto a estreante Cadillac, que traz muito investimento e cor norte-americana com o apoio da GM, apostará na experiência de Valtteri Bottas e Sergio Perez.

Verstappen terá um novo colega na Red Bull após a promoção de Isack Hadjar vindo da Racing Bulls, depois de uma época de estreia notável. O seu lugar será ocupado pelo britânico de 18 anos Arvid Lindblad, que fará dupla com Liam Lawson.

A mudança de era com a introdução dos novos carros foi bem recebida por muitos pilotos, especialmente pelo sete vezes campeão Lewis Hamilton, após uma época de estreia dececionante na Ferrari. Dos seus 105 triunfos, apenas dois foram alcançados desde o final de 2021. O colega Charles Leclerc afirmou que a equipa, sem títulos de pilotos desde 2007, enfrenta este inverno um momento de “agora ou nunca”.