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Mundiais de Atletismo: João Vieira explica recorde de participações com trabalho

João Vieira parte para a 14.ª presença em Mundiais
João Vieira parte para a 14.ª presença em MundiaisFPA
O marchador português João Vieira justificou o recorde absoluto de 14 presenças em Campeonatos do Mundo de atletismo com o trabalho desenvolvido ao longo de toda a carreira.

Aos 49 anos, o capitão da seleção nacional vai ser o primeiro dos 32 portugueses a disputar a 20.ª edição dos Mundiais, em Tóquio, no sábado, às 07:30 locais (23:30 de hoje, em Lisboa), ultrapassando o também marchador espanhol Jesús Ángel García, que disputou 13 edições entre 1993 e 2019.

"Para mim, ser o atleta com mais Campeonatos do Mundo é um orgulho bastante grande. É o resultado de todo o trabalho que tenho feito na minha carreira desportiva e, por isso, tenho de me sentir orgulhoso e satisfeito, por passar a ser o homem com mais campeonatos", afirmou, 26 anos depois da sua estreia na competição.

O atleta do Sporting, quinto nos 50 quilómetros marcha dos Jogos Olímpicos Tóquio-2020, encontra muitas diferenças com essa prova, disputada em Sapporo, em 2021.

"Agora vai ser diferente, porque vai ser em Tóquio. Esses Jogos foram na era do covid-19, ninguém pôde visitar a cidade, o público não pôde ir aos estádios, mas, agora, vamos para esta alegria a este público japonês e ter também a alegria que é fazer desporto", registou.

João Vieira vai juntar o recorde absoluto de participações ao do mais velho medalhado em Campeonatos do Mundo, com a prata alcançada nos 50 quilómetros em Doha2019, então aos 43 anos, com a mesma ambição, mas objetivos diferentes.

"O objetivo principal é, tal como aconteceu em Doha, terminar a competição. Mas eu tenho os pés bem assentes na terra e sei que já não tenho capacidade de lutar por uma medalha. Por isso, o principal vai ser terminar e sair desta pista (enquanto aponta para o Estádio Nacional do Japão, onde termina a prova) com a cabeça erguida", sublinhou.

Apesar de, aqui e ali, ir referindo a possibilidade de terminar a carreira, João Vieira recusa apontar uma data, ou sequer excluir enfrentar os seus 15.ºs Mundiais, em Pequim2027, ou os sétimos Jogos Olímpicos, em Los Angeles2028, mesmo depois de ter falhado Paris-2024.

"Não tenho nenhum prazo. Antes de chegar ao Japão, na viagem de Rio Maior para Lisboa, com a minha treinadora e esposa (a antiga marchadora olímpica Vera Santos), ficámos de pensar em mais dois anos até aos Mundiais de Pequim. E, depois, mediante o que o congresso da World Athletics decidir, pensar nos Jogos", revelou Vieira.

Em causa está a remota possibilidade de integrarem a distância da maratona no programa olímpico da marcha, depois de terem excluído os 50 quilómetros em Paris2024, substituindo-a por uma estafeta mista, e também ter sido reduzida a prova mais longa em Mundiais para os 35 quilómetros.

"Se puserem a maratona, fica tudo em cima da mesa para continuar até lá e já sabem que o João é um bocado de surpresas e também teimoso. Se eu e a minha treinadora definirmos esse objetivo, vou correr atrás dele", assegurou.

Mesmo estando prestes a conseguir um feito inédito, João Vieira assegura encarar Tóquio-2025 como "uns campeonatos iguais aos outros todos", para os quais fez a mesma promessa de sempre: "Nunca fui atleta de prometer medalhas, de prometer lugares, mas sempre prometi trabalho e cumpri".

Já este ano, no passado dia 18 de maio, Vieira fixou o recorde nacional dos 35 quilómetros marcha em 02:31.41 horas, que lhe valem o 40.º lugar do ranking mundial.

Em contraponto, Joana Pontes, de 25 anos, faz, à mesma hora, a estreia absoluta em Mundiais, nos 35 quilómetros, depois de ter sido desclassificada nos 20 dos Europeus Munique-2022.

"As sensações têm sido boas desde que cá cheguei. O treino e a aclimatação correram bem, fui sentindo-me cada dia melhor, mesmo com a humidade e com o calor. Claro que são os meus primeiros mundiais e há muitas emoções, uma grande alegria e entusiasmo por poder competir aqui. Venho com a expectativa de me sentir bem, fazer uma boa prova e lutar por uma boa marca", explicou a atleta do Leiria Marcha Atlética.

Com 03:11.18 horas como recorde pessoal na distância, obtidos já este ano, em 13 de julho, Joana Pontes, 45.ª da hierarquia mundial, assume algumas preocupações com a prova de sábado.

"Talvez o que me preocupe mais seja o rigor técnico, que temos de ter todas as competições, mas que num mundial é ainda mais importante. Logo, a preocupação é marchar o melhor possível, cumprir as regras e, dentro disso, conseguir andar nos meus ritmos e ter boas sensações para conseguir uma boa prova", salientou.

Os marchadores João Vieira e Joana Pontes são os primeiros dos nove portugueses a competir no dia inaugural dos Mundiais Tóquio-2025, antes de Irina Rodrigues e Liliana Cá, no lançamento do disco, Agate Sousa, no salto em comprimento, e Tsanko Arnaudov no lançamento do peso, enfrentarem as qualificações, e Etson Barros, nos 3.000 metros obstáculos, Lorene Bazolo, nos 100 metros, e Salomé Afonso, nos 1.500 metros, as eliminatórias.

A 20.ª edição dos Campeonatos do Mundo de atletismo decorre entre sábado e 21 de setembro, em Tóquio, com a presença da maior delegação portuguesa de sempre, com 32 convocados.


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