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O guarda-redes alemão que encontrou a paz no Japão: "Melhorei muito como pessoa"

Brodersen diz que o Japão o tornou num melhor jogador
Brodersen diz que o Japão o tornou num melhor jogadorYuichi YAMAZAKI / AFP
Svend Brodersen era fascinado pelo Japão quando era criança - agora, o guarda-redes alemão joga no país asiático e é carinhosamente conhecido como um "otaku", alguém obcecado pela cultura pop japonesa.

O jogador de 27 anos, nascido em Hamburgo, tem uma mulher japonesa, fala a língua e está a pensar estudar numa universidade japonesa quando se reformar.

"Acho que toda a gente tem um otaku dentro de si. O meu não é assim tão grande, mas está lá. Está definitivamente lá", disse Brodersen, vestindo uma T-shirt com o título da sua banda desenhada japonesa favorita, "One Punch Man".

Brodersen mudou-se para o Japão em 2021 e agora joga no Fagiano Okayama, da primeira divisão da J. League, mas admite que no início se sentia como se estivesse "noutro planeta".

"Não conseguia perceber nada e era um pouco intimidante. Mas também pensei que esta seria uma grande oportunidade para ver quem realmente és e que tipo de jogador de futebol queres ser", disse Brodersen.

Brodersen, cuja obsessão pelo Japão começou com os filmes Pokemon e Godzilla, iniciou a sua carreira no clube da sua cidade natal, o St. Pauli, na altura na segunda divisão alemã. O guarda-redes esteve envolvido na equipa sub-20 da Alemanha e, por sorte, fez parte da equipa alemã para os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2021, adiados pela pandemia.

No entanto, como não conseguiu impor-se nos clubes, decidiu dar prioridade à experiência de vida.

Procurou a ajuda do internacional japonês Ryo Miyaichi, então companheiro de equipa no St. Pauli, e conseguiu uma transferência para o Yokohama FC, clube da J. League, perto de Tóquio.

No início, utilizou desenhos animados e banda desenhada japoneses para aprender a língua, mas, apesar da sua longa paixão pelo país, foi um choque cultural.

"Na primeira noite em que saí para dar um passeio e vi todas aquelas luzes e sinais, senti-me como se estivesse noutro planeta", disse.

O gosto de Brodersen pela cultura japonesa ajudou-o a adaptar-se e passou horas a ler banda desenhada como "Slam Dunk" e "One Piece" para aprender a língua.

Conheceu a sua mulher Kanae e casou-se em 2023, tendo a primeira filha do casal nascido há 18 meses.

Em casa, falam uma mistura de línguas e Brodersen diz que o seu japonês é agora suficientemente bom para dar entrevistas aos media locais.

Melhor guarda-redes, melhor pessoa

Brodersen passou duas temporadas no Yokohama antes de se juntar ao Fagiano Okayama no ano passado e ajudar a equipa a chegar à primeira divisão da J-League pela primeira vez. A sua equipa teve um bom começo e está na metade superior da tabela após seis jogos da época.

Brodersen atribui ao Japão o mérito de o ter tornado um melhor jogador e de lhe ter trazido uma sensação de calma.

"Quando eu era jovem, o meu estilo de guarda-redes era muito agressivo e gritava muito. Mas, depois de vir para o Japão, percebi que, se fizer isso, não vai dar certo. É preciso perguntar se esta é realmente uma boa maneira de jogar. Talvez seja essa a razão pela qual não cheguei ao nível que queria", disse.

Brodersen diz que não sabe onde o futuro o levará, mas gostaria de estudar japonês na universidade. Por enquanto, está feliz por passar o seu tempo livre a passear pelos jardins japoneses e a desfrutar da sua vida longe de Hamburgo.

Okayama é uma cidade com cerca de 700.000 habitantes no oeste do Japão, famosa pelo seu castelo do século XVI.

"Devido a esta experiência no Japão, melhorei muito como pessoa, para não estar concentrado apenas em mim próprio. Estou mais ocupado com as coisas à minha volta e com outras pessoas que estão ligadas à minha vida", disse Brodersen.