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Polícia diz que "não havia elementos médicos" no quarto de Maradona quando morreu

Dr. Leopoldo Luque, em primeiro plano, um dos arguidos
Dr. Leopoldo Luque, em primeiro plano, um dos arguidosLuis ROBAYO / AFP
Não havia "elementos médicos" ou "soros" no quarto onde Diego Maradona estava a ser mantido em casa após uma neurocirurgia, disse um dos primeiros agentes da polícia a entrar na casa da estrela de futebol após a sua morte, há quatro anos, num julgamento em Buenos Aires, esta terça-feira.

Quatro agentes testemunharam no tribunal de San Isidro, na periferia norte da capital argentina, no julgamento de sete profissionais de saúde acusados de homicídio com dolo eventual, o que significa que estavam conscientes de que as suas ações poderiam levar à morte.

Lucas Farias, comissário adjunto da polícia de Buenos Aires, disse aos três juízes que entrou no quarto de Maradona quase uma hora e meia depois da sua morte. "Não vi nenhum elemento médico no quarto. Não vi nenhum soro que eu acho que uma hospitalização domiciliar tem que ter", disse o polícia.

"O que primeiro me chamou a atenção em Diego Maradona foi a posição de costas, com o abdómen muito inchado, prestes a explodir. Fiquei surpreendido por vê-lo assim, nunca pensei que me fosse deparar com essa imagem", acrescentou.

Durante a audiência, também foram exibidos vídeos que mostram a cena na casa do então treinador do Gimnasia y Esgrima, incluindo o seu quarto, após a sua morte em 25 de novembro de 2020. As imagens mostram-no com o abdómen inchado, vestido com uma t-shirt preta e calções de ginástica.

Lucas Borge, que era na altura chefe da polícia do departamento de Tigre, onde Maradona morreu, disse que quando chegou à casa por volta das 14:00 horas locais ficou surpreendido com "o número de pessoas que lá estavam" e que "estavam todos num pátio".

"Estavam em grupos separados, as irmãs de um lado, (a ex-mulher de Maradona) Claudia Villafañe com as filhas do outro, a enfermeira com o psiquiatra", disse. Disse ainda que viu Maradona já morto com "a barriga muito inchada" e disse que não havia cama de hospital nem desfibrilhador.

Borge também detalhou que, durante o exame forense do quarto realizado pela polícia científica, a única pessoa presente, além do pessoal judicial e policial, era uma das filhas do astro, Gianinna Maradona.

Trata-se da primeira ronda de testemunhas após o início, na terça-feira da semana passada, do processo contra a equipa médica de Maradona, que morreu devido a um edema pulmonar durante o seu internamento domiciliário.

Na abertura do julgamento, na semana passada, o procurador qualificou a hospitalização de "imprudente, deficiente e sem precedentes" e descreveu o local da sua morte como "um teatro de horror".

O julgamento deverá prolongar-se até julho. Prevê-se que cerca de 120 testemunhas prestem depoimento. Os arguidos, que defendem a sua inocência, arriscam-se a apanhar entre 8 e 25 anos de prisão.