Quatro agentes testemunharam no tribunal de San Isidro, na periferia norte da capital argentina, no julgamento de sete profissionais de saúde acusados de homicídio com dolo eventual, o que significa que estavam conscientes de que as suas ações poderiam levar à morte.
Lucas Farias, comissário adjunto da polícia de Buenos Aires, disse aos três juízes que entrou no quarto de Maradona quase uma hora e meia depois da sua morte. "Não vi nenhum elemento médico no quarto. Não vi nenhum soro que eu acho que uma hospitalização domiciliar tem que ter", disse o polícia.
"O que primeiro me chamou a atenção em Diego Maradona foi a posição de costas, com o abdómen muito inchado, prestes a explodir. Fiquei surpreendido por vê-lo assim, nunca pensei que me fosse deparar com essa imagem", acrescentou.
Durante a audiência, também foram exibidos vídeos que mostram a cena na casa do então treinador do Gimnasia y Esgrima, incluindo o seu quarto, após a sua morte em 25 de novembro de 2020. As imagens mostram-no com o abdómen inchado, vestido com uma t-shirt preta e calções de ginástica.
Lucas Borge, que era na altura chefe da polícia do departamento de Tigre, onde Maradona morreu, disse que quando chegou à casa por volta das 14:00 horas locais ficou surpreendido com "o número de pessoas que lá estavam" e que "estavam todos num pátio".
"Estavam em grupos separados, as irmãs de um lado, (a ex-mulher de Maradona) Claudia Villafañe com as filhas do outro, a enfermeira com o psiquiatra", disse. Disse ainda que viu Maradona já morto com "a barriga muito inchada" e disse que não havia cama de hospital nem desfibrilhador.
Borge também detalhou que, durante o exame forense do quarto realizado pela polícia científica, a única pessoa presente, além do pessoal judicial e policial, era uma das filhas do astro, Gianinna Maradona.
Trata-se da primeira ronda de testemunhas após o início, na terça-feira da semana passada, do processo contra a equipa médica de Maradona, que morreu devido a um edema pulmonar durante o seu internamento domiciliário.
Na abertura do julgamento, na semana passada, o procurador qualificou a hospitalização de "imprudente, deficiente e sem precedentes" e descreveu o local da sua morte como "um teatro de horror".
O julgamento deverá prolongar-se até julho. Prevê-se que cerca de 120 testemunhas prestem depoimento. Os arguidos, que defendem a sua inocência, arriscam-se a apanhar entre 8 e 25 anos de prisão.