Marta Kostyuk, que recebeu o apoio dos adeptos ucranianos presentes, foi derrotada (6-1 e 6-3) pela russa Anastasia Potapova no Open de Miami, esta quinta-feira, tendo deixado o court sem cumprimentar a adversária.
Em declarações à imprensa, após o encontro, a tenista ucraniana não escondeu a frustração que sentia e que, diz, é extensível às suas compatriotas no circuito, já depois de Lesia Tsurenko ter dito que as jogadoras haviam pedido uma reunião após a sua desistência em Indian Wells, antes do duelo frente à bielorrussa Aryna Sabalenka.
"Sim, queríamos ter uma reunião com a direção e não a tivemos. Não houve resposta, nada, só silêncio", confirmou.
Questionada pela AFP, a WTA não respondeu e Kostyuk não quis entrar em detalhes sobre o motivo que estaria na base de tal encontro.
"Se tivermos uma reunião, poderemos falar sobre as coisas. Antes disso, não acho que seja boa ideia falar sobre o que queremos abordar", justificou.
Potapova recebeu um aviso forma da WTA depois de utilizar uma camisola do Spartak Moscovo antes de um jogo em Indian Wells, mas Kostyuk não se mostrou impressionada com a chamada de atenção do organismo.
"Há muitas coisas que a WTA tem feito com as quais não concordo. Isso não vai mudar nada", apontou.
"Eu só vou receber mais ódio online. Vou receber muito ódio, independentemente do que diga. Não sei... Aviso, o que seja. Dão-lhe um aviso... Podem suspender alguém, não sei. Não posso comentar isso, na verdade, porque é anedótico", acrescentou.
O treinador de Tsurenko, Nikita Vlasov, citado pelos meios de comunicação social ucranianos, também deixou fortes críticas à WTA, enquanto a número um mundial Iga Swiatek pediu que mais seja feito.
"Sinto que devíamos fazer mais para ajudar as jogadoras ucranianas, porque tudo o que discutimos no ténis é sobre as atletas bielorrussas e russas", sustentou.
Kostyuk confirma que "há tensão" no circuito feminino
Esta terça-feira, Sabalenka admitiu que enfrentou "ódio" no balneário, lembrando uma disputa com Vlasov.
Sobre a tensão existente, Kostyuk assegurou nunca ter estado envolvida em qualquer incidente, mas sublinhou que existe uma realidade óbvia.
"Eu posso não dizer "olá" a algumas jogadoras, mas nunca abordei ninguém, nunca falei com ninguém. Talvez eu acabe por espalhar ódio só por estar ali. Não sei o que as pessoas pensam. Obviamente que há tensão, não somos amigas, estamos em guerra neste momento", vincou.
A 38.ª classificada do rankinng WTA, de 20 anos, conquistou o seu primeiro título no circuito feminino este mês, ao vencer a russa Varvara Gracheva no ATX Open, em Austin. Questionada sobre se consegue bloquear os pensamentos sobre o conflito armado quando está em court, Kostyuk disse que "depende do dia".
"Nunca sei. Posso pensar no que quero pensar, posso fazer o que tennho de fazer, mas, no momento em que piso o court, não sei o que vou retirar dali", explicou, revelando que evita ver notícias antes dos jogos.
"Acho que é saudável evitar qualquer tipo de notícias porque, especialmente durante o último ano, a maioria das notícias que recebi foram horríveis", concluiu.