O dinamarquês Holger Rune descreveu as temperaturas superiores a 30.°C e a humidade acima dos 80 por cento no Masters de Xangai como "brutais".
"Querem que um jogador morra em campo?" questionou Rune esta semana perante as condições extremas.
O campeão de 24 títulos do Grand Slam, Djokovic, classificou o desafio como "muito exigente fisicamente" na terça-feira, ao lutar contra o calor e um susto no tornozelo para chegar aos quartos de final.
O sérvio de 38 anos, visivelmente debilitado, curvou-se várias vezes entre os pontos frente ao espanhol Jaume Munar e chegou a vomitar em pleno court.
Após um erro não forçado, Djokovic caiu no chão e ficou estendido até ser assistido por um médico, antes de recuperar e vencer em três sets muito disputados.
O quadro ficou mais favorável para o sérvio depois de o número um mundial Carlos Alcaraz ter desistido antes do torneio para descansar e o campeão em título Jannik Sinner ter abandonado o seu encontro no domingo devido a cãibras.
Zverev, terceiro do ranking mundial, foi derrotado na segunda-feira, tendo sido obrigado a parar durante o encontro para trocar de sapatos, pois o suor escorria deles.
Os espectadores no court central abanavam leques e usavam bolsas de gelo na testa para tentar combater a humidade sufocante.
O court principal em Xangai tem cobertura, mas esta permanece aberta e só será fechada em caso de chuva, algo que não está previsto para o resto do torneio.
Rune apelou na terça-feira à entidade máxima do ténis masculino, a ATP, para que seja implementada uma regra para o calor em eventos como o Masters de Xangai.
A ATP afirmou, em comunicado, que a segurança dos jogadores é a sua principal prioridade e que está a considerar tal medida.
Atualmente, as decisões relacionadas com as condições meteorológicas, incluindo o calor, "cabem ao Supervisor ATP presente no local, em coordenação com as equipas médicas e as autoridades locais", referiu a organização.
Na quarta-feira, as condições em Xangai eram ligeiramente menos opressivas, mas as previsões apontavam ainda para máximas de 29 °C.
As temperaturas deverão voltar a subir nos próximos dias e atingir o pico no domingo, dia da final, com valores estimados entre 32 e 33 graus.
O francês Arthur Rinderknech, que garantiu um lugar nos quartos de final na quarta-feira, afirmou que não eram apenas os jogadores a sofrer.
"Foi igualmente difícil para os apanha-bolas, para o árbitro, para os adeptos, todos estavam assim, a soprar ar para a cara porque estava mesmo muito calor," disse.
"Em vez de simplesmente cair no court"
As condições são igualmente duras em Wuhan, no centro da China, onde estão a competir as melhores jogadoras do circuito feminino.
As temperaturas estão acima da média para esta altura do ano em ambas as cidades.
Os cientistas têm alertado de forma consistente que as alterações climáticas provocadas pelo homem estão a originar fenómenos meteorológicos mais frequentes e intensos em todo o mundo.
A diferença entre Wuhan e Xangai é que a WTA já tem uma política para o calor.
No WTA Wuhan Open, na terça-feira, as antigas campeãs de Grand Slam Emma Raducanu e Jelena Ostapenko desistiram dos respetivos encontros.
Raducanu teve a tensão arterial e outros sinais vitais avaliados antes de abandonar o encontro da 1.ª ronda devido a tonturas.
A número dois mundial Iga Swiatek pediu aos organizadores que tenham em conta a segurança das jogadoras ao agendar encontros nos courts exteriores, onde não existe cobertura.
"No court central penso que está um pouco mais fresco, com o ar condicionado e tudo. Mas espero que os outros encontros sejam marcados para uma altura em que as jogadoras possam competir, em vez de simplesmente cair no court" afirmou.
As temperaturas acima dos 30 °C obrigaram os organizadores a ativar a regra do calor da WTA na segunda-feira, suspendendo os encontros nos courts exteriores.
A regra esteve também em vigor durante parte da terça-feira.
Esta política permite às jogadoras fazer uma pausa de 10 minutos entre o segundo e o terceiro set, e possibilita que a organização feche parcial ou totalmente a cobertura do court central para proteger as atletas.
É provável que a regra volte a ser aplicada várias vezes esta semana em Wuhan, onde estão previstas máximas acima dos 30 °C durante toda a semana, incluindo para a final de domingo.