A lenda do futebol, que sofria de múltiplas patologias crónicas, morreu de edema pulmonar e insuficiência cardíaca em 2020 e oito membros da sua equipa médica são acusados de "homicídio involuntário", uma acusação que implica que estavam conscientes de que as suas ações poderiam causar a morte do astro argentino.
No segundo dia do julgamento, os juízes decidiram retirar do processo Rodolfo Baqué e Martín De Vargas, dois dos três advogados de defesa do enfermeiro Ricardo Almirón, por considerarem que poderia haver um conflito de interesses, uma vez que também defendem outra enfermeira de Maradona, Gisela Madrid, que será julgada a seguir.
O afastamento dos advogados tinha sido solicitado pela defesa de outro arguido, o psicólogo Carlos Díaz, argumentando que o eventual "conflito de interesses" dos advogados poderia levar a uma "defesa ineficaz" da enfermeira e, consequentemente, a uma eventual anulação do julgamento.
"Os juízes decidiram excluir-me do processo porque não querem que eu diga que Maradona foi morto", declarou Baqué à AFP após a decisão, apontando o dedo a três dos acusados: o neurocirurgião Luciano Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov e o psicólogo Díaz. Anunciou também que vai recorrer da decisão.
O julgamento sobre a morte de Maradona está a decorrer na cidade de San Isidro, uma cidade a norte de Buenos Aires, e espera-se a participação de cerca de 120 testemunhas.
O carismático futebolista morreu quando estava em confinamento domiciliário, a recuperar de uma neurocirurgia, na sua residência privada em Tigre, a norte de Buenos Aires.
Na abertura do julgamento esta semana, o procurador descreveu a sua hospitalização como "imprudente, deficiente e sem precedentes" e descreveu o local da sua morte como "um teatro de horror", em que a equipa médica não seguiu qualquer protocolo.
O julgamento sobre a morte de Maradona terá lugar todas as terças e quintas-feiras durante os próximos quatro meses. Na próxima audiência, agendada para terça-feira às 09h00 (12:00 em Lisboa), os três polícias que foram os primeiros a entrar na casa após a morte de Maradona deverão depor como testemunhas.
A audiência de quinta-feira foi a última em que os arguidos foram obrigados a estar presentes e terão de comparecer novamente perante o tribunal para a sentença.