A jovem iraniana, de 25 anos, surgiu sem o hijab durante a competição organizada pela Federação Internacional de Xadrez (FIDE), num gesto considerado como manifestação de apoio aos protestos que vão acontecendo no Irão desde há cerca de três meses. Os tumultos iniciaram-se depois da morte de Mahsa Amini às mãos da polícia da moral por não utilizar aquela peça de vestuário feminino, que é obrigatória em público à luz da lei islâmica.
"Esta jogadora de xadrez participou por sua conta (no torneio). Khademalsharieh não participou na competição através da federação, mas sim de forma independente", reagiu Hassan Tamini, presidente da federação iraniana da modalidade, citado pela agência Fars.
As atletas daquele país estão obrigadas a cumprir o código de vestuário também no estrangeiro, quando em representação do Irão em eventos internacionais. Contudo, são vários os casos de mulheres que, durante os últimos meses, apareceram em provas desportivas sem o hijab.
Em outubro, Elnaz Rekabi participou na competição de escalada, nos Campeonatos Asiáticos realizados em Seul, e não utilizou o véu islâmico, tendo sido recebida como heroína no seu regresso a Teerão. No entanto, alguns dias depois, a atleta acabou por pedir desculpa pelo incidente em declarações aos meios de comunicação social estatais, insistindo que a peça de vestuário tinha caído acidentalmente.
Ainda sobre Khademalsharieh, Tamini admitiu que não era expectável "que essa xadrezista fizesse isso, porque já tinha participado em competições anteriormente e sempre tinha cumprido as normas".
Durante os protestos no Irão, o desporto tornou-se um terreno sensível, com várias atletas femininas proeminentes a terem deemonstrado o seu apoio aos manifestantes, assim como diversos desportistas masculinos, entre os quais os futebolistas que participaram no Mundial-2022, no Catar.