O final de uma olimpíada representa invariavelmente o fim de ciclos institucionais, nomeadamente no Comité Olímpico de Portugal e no seu congénere internacional. Se por cá são quatro os candidatos anunciados, ao Comité Olímpico Internacional (COI) concorrem sete pretendentes a suceder ao alemão Thomas Bach, que atingiu o limite de mandatos.
O último trimestre de 2024 ficou marcado pelo fim de reinados nas federações nacionais, desde logo em algumas das principais, como o atletismo, a canoagem, o ciclismo ou a natação, e fará o mesmo no futebol, com Fernando Gomes a despedir-se com os pergaminhos de ter conquistado o título europeu, em 2016, e a organização do Mundial-2030, juntamente com Espanha e Marrocos.
Gomes foi, aliás, um dos nomes mais falados para avançar para o COP, mas, até ao momento, os candidatos são outros: José Manuel Araújo, o atual secretário-geral do organismo, os ex-secretários de Estado do Desporto Laurentino Dias e Alexandre Mestre, e o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) Jorge Vieira.
Para terem as suas candidaturas às eleições de 19 de março formalizadas, os quatro precisam que, “pelo menos, um quarto das federações desportivas cujas modalidades figurem no programa dos Jogos Olímpicos” as subscrevam, sendo que estas serão 34 a partir de 01 de janeiro de 2025.
As eleições do COP coincidem também no tempo com as do COI, com o sucessor de Thomas Bach a ser conhecido na 144.ª Sessão do COI, agendada entre 18 e 21 de março, na Grécia.
São candidatos à liderança do organismo quatro presidentes de federações internacionais: o antigo campeão olímpico britânico Sebastian Coe (atletismo), o francês David Lappartient (ciclismo), o japonês Morinari Watanabe (ginástica) e britânico Johan Eliasch (esqui).
Na lista de sete candidatos há apenas uma mulher, a antiga nadadora Kirsty Coventry, do Zimbabué, com a campeã olímpica em Atenas-2004 e Pequim-2008 nos 200 metros costas a tentar terminar com o domínio masculino nos 130 anos de história do COI.
Filho de Juan Antonio Samaranch, que liderou o COI de 1980 a 2001, o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr. é um dos quatro vice-presidentes do organismo e procura imitar o pai e ser eleito presidente, a mesma ambição do príncipe Feisal al Hussein, da Jordânia, membro do organismo desde 2010.
A dança de cadeiras institucional pouco ou nada alterará, no entanto, o panorama desportivo internacional, onde só um terramoto impediria que Max Verstappen, Tadej Pogacar ou Jannik Sinner prolongassem as suas hegemonias.
Apesar de ter tido um carro menos dominador do que o habitual, o piloto neerlandês da Red Bull festejou o tetracampeonato na Fórmula 1 – ao contrário da sua escuderia, que perdeu o título de construtores para a McLaren – e demonstrou que é praticamente invencível, uma perceção que nem a futura parceria entre Lewis Hamilton e Charles Leclerc na Ferrari consegue abalar.
Outro que dificilmente será destronado é Tadej Pogacar, o campeão mundial de fundo que também é o atual detentor do Giro e do Tour. O ciclista esloveno está um degrau acima de todos os adversários, inclusive de Jonas Vingegaard, que mesmo que em 2025 chegue sem azares à Volta a França, terá uma missão hercúlea na tentativa de impedir o tetra do líder da UAE Emirates.
Tão expectável é que Armand Mondo Duplantis continue a bater sucessivamente recordes do mundo no salto com vara que o sueco pode já entrar em futuras listas dos melhores do próximo ano, onde também deverá figurar Jannik Sinner, caso o Tribunal Arbitral do Desporto não dê provimento ao recurso da Agência Mundial Antidopagem (AMA).
Primeiro tenista da história a ganhar dois Grand Slams (Open da Austrália e Estados Unidos), as ATP Finals e a Taça Davis no mesmo ano, o italiano tem a justiça como grande adversária, após ter dado positivo duas vezes por clostebol.
Ilibado por um painel independente da Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA, nas suas siglas em inglês), que considerou que os positivos resultaram de uma contaminação, o italiano aguarda agora a decisão do TAS sobre o recurso da AMA, que solicitou "um período de suspensão de entre um a dois anos".
Se este pedido for negado, Sinner deverá continuar a dominar o ténis, num ano em que Novak Djokovic, agora com Andy Murray como treinador, espera voltar a vencer um major, depois de, pela primeira vez desde 2017, ter ficado em branco.