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A Juventus chega ao fim da era Agnelli

Agnelli sai em desgraça, o sucessor deve ser Gianluca Ferrero
Agnelli sai em desgraça, o sucessor deve ser Gianluca FerreroProfimedia
A Juventus, em crise de resultados e na mira da Justiça, coloca um ponto final na era de Agnelli, o presidente demissionário, com a aprovação, na terça-feira, de contas no vermelho, algumas semanas antes de desenhar a composição da nova administração, em 18 de janeiro.

A Vecchia Signora vai aprovar as contas com défice pelo quinto ano consecutivo e pela segunda vez com perdas acima dos 200 milhões de euros: 239,3 milhões no exercício financeiro de 2021/22, após 226,8 milhões na época anterior.

Esta Assembleia-Geral de accionistas, sob um ambiente sombrio, já adiada duas vezes, vai decorrer ao mesmo tempo que a Juve está, oficialmente, sem Conselho de Administração: Andrea Agnelli demitiu-se a 28 de novembro, juntamente com o resto dos membros, sob pressão de uma investigação sobre alegadas irregularidades contabilísticas.

Três dias mais tarde, em 01 de dezembro, o Ministério Público de Turim solicitou que o homem que liderou o clube desde 2010 fosse julgado, juntamente com outros 11 ex-diretores, devido a essas alegadas transgressões das finanças do clube. Suspeita-se que a Juve tenha manipulado o mercado, ao divulgar informações financeiras tendenciosas, além de produzir faturas de transferências inexistentes no período entre 2018 e 2021.

Um século de Agnelli

O ano 2023 marca o 100.º aniversário da propriedade da família Agnelli, mas está longe de ser um ano de celebração como se esperava para um clube frequentemente envolvido em escândalos, tais como o calciopoli (influência na escolha dos árbitros), que fez com que os Bianconeri fosse releagos para a Serie B (segundo escalão) em 2006.

Mas, para além da investigação judicial às contas, o clube está também sobre o escrutínio das autoridades da bolsa italiana, da Federação Italiana de Futebol e da UEFA.

A Juve, já em guerra aberta com o organismo europeu sobre a criação da Superliga há ano e meio, está a elaborar um plano de recuperação com o objetivo de voltar a cumprir as regras financeiras da UEFA.

No entanto, as suas contas permanecem inadequadas: o clube de futebol italiano mais bem sucedido (36 Scudettos) vai aprovar perdas de quase 240 milhões de euros, um valor revisto ligeiramente em baixa, em comparação com o défice de 254 milhões anunciado em setembro.

Esta revisão tem em conta os comentários das autoridades financeiras e implica, em contrapartida, um aumento das perdas do ano anterior (226M, em vez de 209M).

Na época passada, a Juventus registou uma queda de 8% no volume de negócios (para 443 milhões de euros), principalmente devido a um declínio nas receitas televisivas e a reabertura parcial dos estádiso após a pandemia.

Pogba esperado

A última época foi a primeira sem títulos da Juventus desde 2011, confirmando o declínio da Vecchia Signora após uma década de ouro sob Andrea Agnelli, marcada especialmente pelos nove títulos consecutivos no campeonato italiano (2012 a 2020), algo nunca antes visto em Itália.

O futuro líder do clube, que será nomeado em 18 de janeiro, terá de assumir a tarefa de reconstrução do clube. Exor, a holding da família Agnelli, escolheu um perfil técnico para a levar a cabo: Gianluca Ferrero, um contabilista de 59 anos.

Um novo rumo que deve ter efeito sobre as finanças, mas também sobre os resultados em campo, após um mau início de temporada.

Massimiliano Allegri, confirmado como treinador apesar da queda na fase de grupos da Liga dos Campeões, espera poder contar finalmente com o reforço Paul Pogba, que ainda não fez um único jogo oficial devido a uma lesão sofrida no joelho direito. Operado no início de setembro e ausente do Campeonato do Mundo de 2022, o francês deve regressar a partir de meados de janeiro.

Andrea Agnelli, recentemente avistado nos campos de treino da Juve em Turim, à espera da nomeação formal do seu sucessor, assegurou à imprensa italiana que a sua saída “não altera de forma alguma os objetivos da equipa”.

A Juventus está atualmente no terceiro lugar da Serie A, 10 pontos atrás do líder Nápoles. As duas equipas encontram-se em 23 de fevereiro, uma oportunidade para ver se os Bianconeri conseguem perturbar o domínio atual dos napolitanos.