As alterações aos princípios do olimpismo números um e quatro foram hoje ratificadas pela 141.ª Sessão do COI, a decorrer em Mumbai (Bombaim), na Índia, para nela radicar o “respeito por direitos humanos reconhecidos internacionalmente”, dentro “dos princípios éticos dentro do movimento olímpico”.
No quarto ponto, é o acesso universal ao desporto, respeitando estes mesmos direitos humanos, que é reforçado, um “grande passo no compromisso para respeitá-los dentro do movimento”, declarou o presidente do COI, Thomas Bach.
Outra das alterações aproxima a Carta das linhas mestras quanto à liberdade de expressão dos atletas, aplicadas nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 e Pequim2022, permitindo a atletas, oficiais e outros técnicos poder exprimir-se livremente, desde que respeitando os valores olímpicos.
Na 40.ª regra da Carta, sobre a participação em Jogos, está agora inscrita “a liberdade de expressão”, depois de décadas com relações ambíguas em relação a manifestações políticas ou ligadas a movimentos sociais durante estes eventos e a busca pela neutralidade.
Estas alterações tinham sido acordadas já em setembro no Conselho Executivo, sendo agora formalizadas pela 141.ª Sessão.
Em Mumbai, o COI notou a “crescente politização do desporto”, pela voz de um dos seus membros, a antiga presidente da Croácia (2015-2020) Kolinda Grabar-Kitarovic.
A Polónia e a Indonésia, candidatas a receber os Jogos Olímpicos de 2036, têm recusado a entrada no país a atletas, seja no caso dos polacos com atletas russos nos Jogos Europeus Cracóvia2023, ou os indonésios com Israel no Mundial de sub-20, cuja organização perdeu por este motivo.
Segundo Grabar Kitarovic, “qualquer infração da Carta Olímpica”, como a recusa de prática a atletas, que não refletem necessariamente os atos dos seus país e governos, “tem de ser considerada em todas as fases” de avaliação de uma candidatura.
A croata preside ao painel que gere e reúne com candidatos e possíveis candidatos a organizar Jogos Olímpicos de verão.
A decisão sobre os Jogos Olímpicos de 2036 “não será tomada antes de 2026 ou 2027”, numa nova forma de escolha que dispensa campanhas públicas e votos divididos, focando-se num trabalho de bastidores em conjunto com o COI, que escolhe um candidato preferido até o confirmar, como aconteceu com Brisbane para 2032.
Este prazo significa que a próxima cidade anfitriã será escolhida fora da presidência de Thomas Bach, cujo mandato acaba em 2025, ainda que alguns executivos tenham sugerido alterar a Carta para um mandato extra, algo que encontra opositores em vários quadrantes, desde logo o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino.
A 141.ª Sessão abriu hoje a porta, de resto, a uma escolha simultânea para os Jogos de inverno de 2030 e 2034.
