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Amigo de Maradona testemunha: "Estavam preocupados com o seu vício, não com o seu coração"

Víctor Stinfale antes de testemunhar no julgamento pela morte de Maradona
Víctor Stinfale antes de testemunhar no julgamento pela morte de MaradonaJUAN MABROMATA / AFP
Os profissionais que trataram Diego Maradona antes da sua morte por ataque cardíaco "estavam mais preocupados com o seu vício em álcool do que com o seu coração", disse um amigo do ídolo na terça-feira durante o julgamento na Argentina contra a equipa médica.

Maradona morreu em 25 de novembro de 2020 de edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca durante uma internação domiciliar após neurocirurgia, de acordo com a autópsia.

Médicos, enfermeiros, o psiquiatra e um psicólogo são acusados de homicídio intencional, uma acusação que implica que estavam conscientes de que as suas ações poderiam resultar em morte, pelo que podem cumprir entre oito e 25 anos de prisão. Um oitavo arguido - um enfermeiro - será julgado num processo separado.

O advogado e empresário Victor Stinfale, que se apresentou como amigo e um dos conselheiros legais de Maradona desde 1998, testemunhou no julgamento em San Isidro, na periferia norte de Buenos Aires, num dia em que se espera o testemunho de Dalma Maradona, uma das filhas do ídolo.

Preocupado com o álcool e não com o coração

Stinfale disse que participou numa reunião com a família e os médicos, na qual foi decidido que Diego seria hospitalizado em casa e que foi sublinhado que "o álcool não devia entrar" em casa. " Preocuparam-se com o vício de Diego e não se preocuparam com o seu coração", disse.

"O facto de Diego ter morrido por não terem ido ver se o seu coração estava a bater e se estava inchado, como os meios de comunicação social mostraram, parece-me algo ridículo", afirmou Stinfale.

A testemunha disse que levou o médico Rodolfo Benvenutti para a reunião e que ele apontou quais os cuidados que deveriam ser prestados na internação domiciliar, incluindo uma ambulância, mas "o que foi discutido nessa reunião não aconteceu", disse.

Lepoldo Luque, médico pessoal de Maradona e réu no processo, "era amigo de Maradona" e "ficou encarregado de intermediar" para que outros médicos pudessem tratá-lo.

"O único que podia entrar no quarto de Maradona sem levar um sopapo era Luque", disse o advogado, que considerou que nos seus últimos dias "faltava o 'sim, eu mando'" para lidar com o ídolo, já que "eram todos empregados" e "era muito difícil dizer não".

Stinfale disse que intercedeu e conseguiu impedir que Luque operasse a cabeça do ídolo no dia 3 de novembro de 2020, pois este tinha de ser operado pelos "melhores do país".

Disse ainda que semanas antes da sua morte, a 30 de outubro, viu Maradona num estado "muito mau" e "deprimido por uma situação sentimental", em referência a uma briga com a sua última companheira, Rocío Oliva.

Estava a tomar "Alplax (ansiolíticos) como se fossem Sugus (rebuçados)", disse.