"Em vez de elogiar sem criticar a Arábia Saudita, Cristiano Ronaldo deveria utilizar o seu estatuto para chamar a atenção sobre os problemas relativos aos direitos humanos naquele país", disse Dana Ahmed, investigadora para o Médio Oriente da organizaçaõ.
Na sua apresentação oficial de terça-feira no clube de Ríade, Ronaldo afirmou que queria "participar no êxito do país e da sua cultura".
"Executam-se pessoas regularmente na Arábia Saudita por crimes como o assassínio, a violação e o narcotráfico. Num único dia do ano passado houve 81 pessoas executadas, muitas delas com julgamentos simulados", sublinhou a responsável.
"As autoridades (sauditas) continuam também a reprimir a liberdade de expressão e associação, com duras penas de prisão para os defensores dos direitos humanos, ativistas dos direitos das mulheres e outros militantes políticos", acrescentou a investigadora, que considera que "Cristiano Ronaldo não será mais do que uma ferramenta para que a Arábia Saudita promova a sua imagem através do desporto".
"Ele teria que utilizar a sua estadia no Al Nassr para abordar a multitude de problemas relacionados com os direitos humanos naquele país".
A contratação do astro português é considerada por muitos como mais um episódio de sportswashing, uma estratégia de melhorar a imagem internacional através do desporto, depois de a Arábia Saudita já ter investido recentemente quantias colossais para acolher eventos de ténis, golfe e Fórmula 1.
Também financiou o lançamento do LIV Golf, o novo circuito alternativo de golfe, assim como o financiamento para a compra do clube inglês de futebol Newcastle.
O país sonha ainda com a possibilidade de sediar o Mundial de futebol de 2030.