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Análise Japão: Samurais azuis procuram imortalização

Hidemasa Morita, médio do Sporting, parte no onze inicial dos samurais azuis
Hidemasa Morita, médio do Sporting, parte no onze inicial dos samurais azuisProfimedia
O objetivo do Japão neste Campeonato do Mundo está definido: chegar aos quartos de final. Os 26 jogadores convocados pelo selecionador Hajime Moriyasu querem imortalizar-se na história do futebol japonês: embora o Japão tenha participado em todos os Mundiais desde 1998, nunca chegaram aos últimos oito da competição.

Introdução

O Japão chega a este Campeonato do Mundo do Catar depois de na Rússia, em 2018, terem ficado pelos oitavos de fina, eliminados pela Bélgica: derrota por 2-3 e a terceira vez que caíram nessa fase da competição. Agora, os samurais azuis depositam grande parte das esperanças em torno da sua principal estrela, Daichi Kamada, jogador do Eintracht Frankfurt. De resto, oito jogadores do Japão atuam na Bundesliga, incluindo Ao Tanaka, que atua no Dusseldorf, emblema do segundo escalão do futebol alemão.

A explicação para esta influência germânica pode explicar-se pelo facto de 38.000 cidadãos japoneses viverem na Alemanha, a maioria concentrada precisamente em Dusseldorf. Foi, de resto, aí que os recordistas asiáticos (quatro títulos de campeão continental) jogaram a última partida de preparação para o Mundial, com um insípido empate (0-0) contra o Equador.

No Catar, porém, o Japão enfrenta uma missão espinhosa logo na fase de grupos: a Alemanha e a Espanha são duas seleções de topo e a Costa Rica conseguiu, em 2014, aquilo com que o Japão há muito sonha, ou seja, uns quartos de final de um Mundial.

A fotografia oficial da seleção do Japão
A fotografia oficial da seleção do JapãoJFA

Pontos fortes

A grande força da seleção japonesa parece estar no ataque. Takefusa Kubo lutou contra comparações desnecessárias com Lionel Messi no início da carreira e acabou por ficar aquém das expectativas. Em 2011 já Kubo estava no Barcelona mas só na época passada conseguiu, finalmente, afirmar-se no futebol sénior, no Maiorca. No último verão mudou-se para a Real Sociedad, por 6,5 milhões de euros, mas ainda longe de ser um titular indiscutível.

Outro jogador que estava há muito afastado do principal panorama do futebol internacional era Junya Ito. Conseguiu ressurgir no Genk, da Bélgica, e no verão passado transferiu-se para a Ligue 1 francesa, sendo jogador do Stade Reims. Um jogador completo, ofensivo, que trabalha em prol da equipa e com tremenda disciplina tática, comum ao jogador japonês.

Kaoru Mitoma é outro dos jogadores japoneses que chega em boa forma ao Mundial, mercê das exibições pelo Brighton de Inglaterra, ladeado por Takumi Minamino, ex-Liverpool, ou Ritsu Doan, do Friburgo.

Nas faixas do ataque o Japão está tremendamente bem servido: Fittingly, com 17 golos apontados, não é um ponta de lança, tal como Minamino que, emprestado ao Monaco, é atualmente o melhor marcador da formação do Principado.

Japão foi a primeira seleção a divulgar os convocados
Japão foi a primeira seleção a divulgar os convocadosJFA

Pontos fracos

Apesar da tremenda qualidade e quantidade de soluções ofensivas, a produção japonesa não tem sido a ideal. A razão? Há jogadores criativos, há opções para a criação mas falta um ponta de lança de referência. Takuma Asano, do Bochum, e Daizen Maeda, do Celtic, por ali têm passado mas nenhum se fixou com uma meta interessante de golos.

Os pontas de lança de raiz, no entanto, estão escolhidos. Ayase Ueda, de 24 anos, do Cercle Brugge, da Bélgica. Nos últimos anos tem merecido a confiança do selecionador, tem vindo a ganhar repuetação na Bélgica, destaca-se pelo jogo aéreo mas, esta temporada, na seleção, são dez jogos e zero golos. Daí que a alternativa, após grande pressão do público, tenha passado pela chamada de Shuto Machino: aos 23 anos joga no Shonan Bellmare, do Japão, e leva já 13 golos marcados. Um avançado que previlegia o jogo direto, que procura os erros individuais do adversario. A sua estreia pela seleção, diante de Hong Kong, ficou marcada por dois golos, aumentando ainda mais a pressão popular para a sua convocatória para o Catar.

XI ideal

Gonda - Tomiyasu, Yoshida, Ito, Nagatomo - Endo, Morita - Ito, Kamada, Minamino - Ueda

O Japão deve manter o sistema tático preferencial, o 4x2x3x1. A referência ofensiva deve continuar a ser, pelo menos inicialmente, Ayase Ueda, funcionando como o primeiro jogador na pressão. Atrás dele estará a velocidade de Ito e Minamino nos flancos, com Kamada como jogador mais criativo, de apoio direto ao ponta de lança.

A segurar as pontas do meio-campo estarão Endo, capitão do Estugarda, recuperado de lesão, e também Hidemasa Morita, médio do Sporting que parece ter ganho o lugar. Atrás, na defesa, deverá fixar-se Yoshida, do Schalke 04, embora venha enfrentando na seleção as mesmas críticas do clube: demasiado velho (34 anos), demasiado lento, demasiado inconsistente.

Nas laterais surge Takehiro Tomiyaso, provavelmente a segunda maior estrela da seleção japonesa, depois de Daichi Kamada. O lateral-direito do Arsenal teve formação como central mas graças à facilidade de jogar com os dois pés e a verticalidade que consegue colocar em campo, tem sido aposta na ala, tanto no clube como na seleção. Do outro lado, menos ofensivo, deverá estar Nagatomo, ex-jogador do Inter Milão e Cesena, de Itália.

Previsão

Relembrando o que foi escrito no início, o Japão tem como objetivo chegar aos quartos de final do Mundial. No entanto, enfrente um grupo que conta, desde logo, com duas das principais seleções europeias, Alemanha e Espanha. A estreia diante da seleção alemã poderá ditar muito daquilo que são as aspirações dos samurais azuis.

O lema, esse, é também conhecido, sobretudo internamente: lutar até à morta, subordinando a vaidade individual em prol do coletivo. A previsão do Flashscore aponta para uma boa figura do Japão neste Mundial mas, ainda assim, incapaz de fazer de desmancha-prazeres perante a dupla europeia do grupo E.