Análise: Porque é que o Arsenal teve tantas dificuldades para vencer o Wolverhampton

Gabriel Jesus, do Arsenal, à esquerda, disputa a bola de cabeça durante o jogo frente ao Wolverhampton
Gabriel Jesus, do Arsenal, à esquerda, disputa a bola de cabeça durante o jogo frente ao WolverhamptonČTK / AP / Richard Pelham

O primeiro defrontou o último na Premier League, na noite de sábado, com um Wolverhampton em crise a deslocar-se ao Norte de Londres para defrontar um Arsenal que tem mostrado uma solidez assinalável em 2025/26.

Recorde as incidências da partida

À chegada ao Emirates Stadium, os midlanders tinham apenas dois empates em 15 jogos, sem qualquer vitória, e somavam apenas oito golos numa época que rapidamente se está a tornar a pior de sempre para qualquer equipa no principal escalão inglês desde a reformulação do início dos anos 90.

Pior época de sempre à vista?

O atual recorde de menos pontos pertence ao Derby County, que somou 11 na época 2007/08, tendo sido despromovido em março – a descida mais precoce de sempre.

Rob Edwards e a sua equipa tinham, por isso, uma tarefa hercúlea pela frente, até porque os Gunners tinham vencido os oito confrontos anteriores entre ambos, desde fevereiro de 2022. Nesse período, os midlanders marcaram apenas dois golos e concederam 17.

Ambas as equipas fizeram três alterações nos onzes iniciais, com o português Toti Gomes a cumprir o seu 100.º jogo pelo Wolverhampton.

Como seria de esperar, o ímpeto inicial partiu da equipa da casa, com o Arsenal (52) a realizar mais do triplo dos passes no último terço do que os 16 do Wolves na primeira meia hora.

Alerta para o Arsenal

Ainda assim, foi o visitante Hwang Hee-Chan a protagonizar o primeiro remate enquadrado do encontro, aos 26 minutos.

Se nada mais, deveria ter servido de aviso para os Gunners, que até remataram mais meia dúzia de vezes antes do intervalo, mas sem acertar na baliza.

O ímpeto ofensivo das duas equipas
O ímpeto ofensivo das duas equipasOpta by Stats Perform

Na verdade, pouco havia a apontar à circulação de bola, com todos, exceto Gabriel Martinelli e Viktor Gyokeres, a apresentarem percentagens de passes completos acima dos 80%.

As dificuldades do internacional sueco, ex-Sporting, prolongaram-se neste jogo, o que pode ser um sinal claro de que não se encaixa nesta equipa do Arsenal ou, então, de que os colegas não conseguem servi-lo.

Teve apenas 15 toques na bola, incluindo só três passes certos antes de ser substituído por Arteta, o que mostra bem o momento complicado que atravessa.

Meio-campo a cinco travou os Gunners

Apesar de o Wolves pouco ter criado ofensivamente, conseguiu impedir o Arsenal de marcar na primeira parte no Emirates Stadium pela primeira vez desde um jogo frente ao Manchester United em dezembro de 2024.

Não é feito menor para uma equipa que já parece condenada a regressar ao Championship.

Um meio-campo a cinco sufocou a criatividade de Eberechi Eze e Bukayo Saka, com o trio central formado por João Gomes, André e Ladislav Krejci a serem fundamentais para travar os Gunners e obrigá-los a jogar pelos corredores.

Krejci foi especialmente incansável, com 12 duelos individuais disputados e mais sete pelo ar, enquanto João Gomes venceu dois dos três desarmes que tentou.

A irritação e frustração de Arteta eram evidentes, ao tirar Eze e Martinelli antes da hora de jogo, lançando Martin Odegaard e Leandro Trossard.

O norueguês entrou logo no jogo e ajudou os anfitriões a atingirem uns impressionantes 84% de posse coletiva nos 15 minutos após o intervalo.

Primeiro remate enquadrado do Arsenal só aos 68 minutos

Nessa altura, seis jogadores do Arsenal já tinham tocado três ou mais vezes na área adversária, enquanto nenhum do Wolverhampton tinha mais do que um toque na área contrária. As faltas táticas dos visitantes também iam consumindo tempo e deixando os adeptos da casa cada vez mais impacientes.

Declan Rice conseguiu finalmente um remate enquadrado para o Arsenal aos 68 minutos – a espera mais longa por um remate à baliza num jogo em casa da Premier League desde fevereiro de 2016 (frente ao Leicester City).

Pouco depois, o azar que tem perseguido o Wolves ao longo da época voltou a manifestar-se, com um excelente canto de Saka a ser desviado para a própria baliza pelo guarda-redes Sam Johnstone.

Odegaard continuou a empurrar os anfitriões para a frente, com dois remates à baliza – só Rice e Martinelli remataram mais – e os seus passes começaram a encontrar o alvo com uma regularidade impressionante.

Apenas cinco dos seus 29 passes não chegaram a um colega, com o norueguês a explorar os espaços que acabariam por ajudar a sua equipa a garantir uma vitória mais tranquila.

Wolves sem sorte... outra vez

Na defesa, Jurrien Timber manteve-se sempre ofensivo e procurou constantemente uma linha de passe, encontrando Saka em 20 ocasiões.

William Saliba e Piero Hincapie também apresentaram excelentes percentagens de passe, na casa dos 90%, mas a maioria dos passes (21 de Saliba, 19 de Hincapie) foi entre ambos.

O facto de David Raya ter feito apenas uma defesa e um alívio em todo o jogo diz muito, para além de os seus 15 passes o colocarem entre os 10 jogadores do Arsenal que completaram mais passes do que o jogador do Wolverhampton com mais passes neste jogo (André, 13).

No entanto, três substituições tardias dos visitantes mudaram o rumo do jogo e, quando Tolu Arokodare marcou, o silêncio no Emirates Stadium era total, apenas interrompido pelos adeptos do Wolverhampton em festa.

O golo foi um dos dois remates enquadrados em apenas três tentativas, enquanto o Arsenal rematou 16 vezes e só conseguiu dois enquadrados.

O futebol pode ser cruel, e já nos descontos, um autogolo de Yerson Mosquera devolveu a vantagem aos anfitriões.

Esta nona derrota consecutiva é a pior sequência de derrotas do Wolverhampton na competição, embora o Arsenal possa considerar-se extremamente afortunado por somar os três pontos numa exibição pouco inspirada.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore