Faltando apenas cinco semanas para o arranque do Campeonato do Mundo de Andebol Feminino, que se realizará na Alemanha e nos Países Baixos, volta à tona a discussão sobre o uso de calções brancos no desporto feminino.
"Detesto calções brancos. Percebo que possam ter bom aspeto, mas como somos mulheres e lidamos com estas questões todos os meses, não acho nada divertido usar calções brancos", afirma Veronica Kristiansen, organizadora de jogo da seleção norueguesa de andebol feminino.
O debate sobre o uso de calções brancos pelas mulheres no desporto já dura há muitos anos. Muitos países e clubes de várias modalidades têm dado ouvidos às suas atletas. No entanto, no andebol, ainda há caminho a percorrer.
Kristiansen, que regressou à melhor forma após ser mãe pela segunda vez em janeiro deste ano, tem de lidar diariamente com a questão de usar calções brancos. A equipa húngara de Kristiansen, o Györ, que durante o último ano jogou com camisolas e calções verdes, substituiu os calções verdes por brancos no equipamento principal antes desta época.
"Já dissemos que não queremos jogar com calções brancos, mas ninguém prestou realmente atenção. Para mim, é embaraçoso e, além disso, o ciclo menstrual é algo que não se pode controlar. Por isso, por favor, acabem com os calções brancos", apela Kristiansen.
Kristiansen, que já conquistou o Mundial duas vezes com a Noruega, conta com o apoio da antiga campeã olímpica dinamarquesa Mette Vestergaard, atualmente vice-presidente da Federação Dinamarquesa de Andebol.

"O problema é que as jogadoras sentem-se extremamente inseguras com esta situação e, se estiverem naquela altura do mês, torna-se uma preocupação ainda maior", explica Vestergaard à TV2 Sport.
O desejo de abolir os calções brancos não é recente. Já após a última fase final do Mundial, há dois anos, tanto a seleção feminina de andebol como a de futebol da Dinamarca manifestaram vontade de deixar de usar calções brancos.
A Federação Internacional de Andebol não reagiu e a Dinamarca foi obrigada a jogar com calções brancos frente à Noruega e à Suécia nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024. Agora, Noruega, Suécia e Dinamarca uniram esforços para reforçar a sua influência política junto da IHF e garantir que a alteração das regras seja implementada, de modo a abolir definitivamente os calções brancos no andebol feminino.
"Tentámos durante os próprios campeonatos e, durante muito tempo, parecia que a IHF estava aberta ao diálogo. Mas agora sentimos que chegou o momento de inscrever esta grande questão política nas regras", afirma Mette Vestergaard.
O Campeonato do Mundo decorrerá de 26 de novembro a 14 de dezembro e será disputado em cinco cidades diferentes na Alemanha e nos Países Baixos.