Reveja aqui as principais incidências da partida
Histórico. Não há outra maneira de começar este texto, uma ode aos heróis do mar que continuam a fazer sonhar um país inteiro que insiste em bater o pé às principais nações do andebol e sentar-se entre os grandes nomes do desporto.
O nervosismo podia ter assomado os jogadores portugueses que nunca tinham pisado este palco: os quartos de final de um Campeonato do Mundo. O objetivo estava cumprido, mas havia fome para mais, muito mais.
Os primeiros momentos do jogo foram marcados por dois grandes guarda-redes. Se Andreas Wollf é um consagrado da modalidade (tinha cinco defesas com cinco minutos), Diogo Rêma está a começar a afirmar-se e foi assim que aos 13 minutos só se tinham registado sete golos, mas Portugal tinha feito cinco deles (5-2). O sonho ganhava contornos de realidade.
No pior momento da equipa das quinas no primeiro tempo, a 10 minutos da buzina, Portugal ainda viu a Alemaha aproximar-se (7-6) e por momentos Wolff pareceu inexpugnável. Sensações, como agora se diz, porque os homens de Paulo Pereira aproveitaram uma exclusão alemã para recuperar a vantagem de três golos (11-7). A vantagem era lusa ao intervalo (13-9).
No segundo tempo, Portugal encontrou um novo adversário – uma equipa de arbitragem com decisões questionáveis e muitas vezes a favorecerem os alemães. A expulsão de Luis Frade (por meter a mão na cara de Uscins) fez a equipa portuguesa ir a baixo. Dois minutos a seguir, Rui Silva sofre falta e em queda acerta com a bola na cara do guarda-redes. Exclusão ao central português, a que se juntou mais uma pelos protestos de Paulo Pereira, que deixava a equipa com cinco jogadores de campo e a Alemanha a passar para a frente (19-18).
Contudo, Portugal nunca permitiu aos germânicos descolarem. Juri Knorr ia encontrando forma de superar a defesa lusa, mas estava a regressar de lesão e em várias ocasi~eos se percebeu que não estava a 100%. Ao aproximar do fim, a Alemanha provou do próprio veneno, duas exclusões e os heróis do mar empataram (22-22). A decisão ia chegar no prolongamento.

Nos 10 minutos extra, já com muita gente cansada, os heróis passaram do papel para o pavilhão. Portugal passou para a frente com um grande golo de Martim Costa aos 63’ (28-27), na sequência a Alemanha acertou no poste e o lateral português marcou novamente (29-27). Mais um pedaço de história estava ali mesmo, ao alcance, e a equipa de Paulo Pereira não deixou escapar. 31-30 e pela primeira vez nas meias-finais.
Segue-se a super Dinamarca, rainha suprema da modalidade. Um obstáculo enorme, praticamente inultrapassável. Mas já se percebeu que não existem impossíveis para estes heróis do mar.