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Mundial de Andebol: Portugal tem de juntar trabalho ao talento rumo à afirmação

António Areia conversa com Martim Costa num treino
António Areia conversa com Martim Costa num treinoFPA
A terceira presença seguida de Portugal num Mundial de andebol traduz a qualidade dos jogadores nacionais, cujo talento associado ao trabalho devem tornar o país participante habitual nestas fases finais.

Esta convicção foi partilhada no dia aberto da seleção nacional, na segunda-feira, em Rio Maior, pelo ponta direita dos franceses do Tremblay António Areia, que também vai disputar, entre esta terça-feira e 2 de fevereiro na Noruega, Croácia e Dinamarca, esta competição pela terceira vez.

Estou satisfeito por fazer parte deste restrito grupo que vai participar na sétima competição (fases finais de Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos Tóquio-2020), mas ficaria muito satisfeito se todos os jogadores, entre os quais me incluo, tivéssemos consciência que temos um grupo fantástico e que podemos fazer coisas muito bonitas pela seleção”, começou por avisar Areia.

Em declarações à agência Lusa, o ponta direita identificou as dificuldades, num Grupo E em que vai encontrar Estados Unidos, Brasil e Noruega, mas apresentou a receita.

Acho que temos muita qualidade. Se tivermos consciência que temos de trabalhar mais do que os outros e é preciso trabalharmos uns para os outros, ficaria muito satisfeito, porque, se for assim, vamos chegar onde queremos, que é fazer uma prova bastante positiva e ganhar todos os jogos que podemos ganhar”, referiu.

Aos 35 anos, António Areia é, além de um dos mais experientes, um dos mais velhos do grupo comandado por Paulo Jorge Pereira, a par do pivô Victor Iturriza e só atrás do lateral Fábio Magalhães, que tem 37, reconhecendo as vantagens desta habituação a grandes competições para os mais jovens.

As gerações que têm aparecido em Portugal, além de terem muita qualidade, começam, desde cedo, a ter muitos minutos nos seus clubes, em grandes competições e, às vezes, a conseguirem resultados excecionais, e isso ajuda-nos bastante. Aliamos a experiência à juventude. Os jovens têm uma irreverência e oferecem coisas que, se calhar, os mais experientes já não conseguem dar. Mas destaco a importância que tem para estas gerações trabalhar de forma séria e não se agarrarem somente ao talento”, explicou Areia, reconhecendo que “os mais jovens estão com a atitude certa para alcançar os objetivos”.

Um dos representantes desta nova geração é o guarda-redes Diogo Rêma, de 21 anos, que assumiu “concretizar um sonho ao jogar o Mundial”, concordando com o antigo companheiro de equipa no FC Porto.

A verdade é que estas presenças, todos os anos, em Campeonatos do Mundo e da Europa, vão beneficiar a minha geração e as próximas, e acho que só temos de aproveitar e dar seguimento ao trabalho, porque só temos de trabalhá-la ainda mais para darmos sempre um passo em frente como equipa”, afirmou Diogo Rêma.

Diogo Rêma, guarda-redes de Portugal e do FC Porto
Diogo Rêma, guarda-redes de Portugal e do FC PortoFPA

O lateral do Sporting Francisco Costa, de 20 anos, é outra das esperanças da modalidade, assumindo-se mentalmente focado em melhorar, constantemente.

Eu tenho de pensar sempre que quero fazer melhor, que há coisas a melhorar, oportunidades que surgem e eu tenho de lutar por elas, dia após dia, no Sporting e aqui na seleção. Tenho muita coisa para conquistar e o que eu quero ainda está muito longe, tão longe que nem consigo ver. Sei que estou no bom caminho e só tenho de continuar a fazer o que estou a fazer”, afirmou o lateral leonino.

Estes dois jovens são, entre outros, exemplos apresentados por Leonel Fernandes, de 27 anos, como possuidores de uma maturidade precoce, aliada à integração em grandes clubes europeus: “A importância de termos jogadores em bons clubes e de os jogadores que estão em Portugal a disputar as competições europeias é perceber o nível que há no andebol, para aprender e evoluir, sendo das melhores maneiras de crescer”.

“Queremos reforçar a nossa vontade de andar nestes palcos e, neste momento, queremos passar para o patamar seguinte. Sentimos que temos condições, atletas com qualidade, temos tudo e estamos há demasiado tempo a ser eliminados muito cedo. O objetivo passa por dar um salto, para, mais uma vez, elevar o andebol em Portugal”, rematou o ponta esquerda do FC Porto.

O lateral e capitão do Sporting Salvador Salvador recordou a importância da aposta dos clubes no desenvolvimento da modalidade em Portugal.

Eu acho que a maturidade tem vindo a crescer, os jogadores portugueses já são vistos com outros olhos. O FC Porto trabalhou muito bem ao longo nos últimos anos a presença na Champions, o Sporting tem acompanhado nos últimos dois, três anos e o Benfica também tem marcado presença na Liga Europeia, e isso traz outra qualidade e maturidade aos jogadores. Agora, o objetivo é juntar tudo isso e trazer para a seleção, para conseguirmos alcançar coisas que nunca antes alcançámos”, concluiu.

Salvador Salvador num dos treinos da seleção
Salvador Salvador num dos treinos da seleçãoFPA

Portugal estreia-se no Mundial na quarta-feira, frente à seleção norte-americana, em Baerum, na Noruega, a partir das 17:00, defrontando, depois, no mesmo local, Brasil, na sexta-feira, à mesma hora, e, no domingo, a Noruega, às 19:30.

A seleção portuguesa conta cinco presenças em Campeonatos do Mundo, a primeira em 1997, tendo disputado, depois, dois seguidos, em 2001 e 2003, quando foi anfitrião da competição. Soma, agora, três fases finais seguidas, desde 2021, quando conseguiu a melhor classificação de sempre (10.º).