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Artur Lopes recorda 24 anos "muito preenchidos" no Comité Olímpico de Portugal

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Artur Lopes
O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Artur LopesTIAGO PETINGA/LUSA
Artur Lopes encerra, na quarta-feira, 24 anos “muito preenchidos” no Comité Olímpico de Portugal, assumindo que gostava de ter sido mais ativo no início do seu percurso e que se despede convicto de que José Manuel Constantino estaria orgulhoso.

“Tudo tem um princípio e um fim. Foram 24 anos muito preenchidos, completamente diferentes uns dos outros, curiosamente, com dois presidentes que marcaram, de facto, o Comité Olímpico de Portugal (COP), cada um à sua maneira”, começou por analisar, em entrevista à agência Lusa.

Artur Lopes foi vice-presidente do COP durante quase 24 anos, tendo iniciado funções com Vicente Moura e cumprido os três mandatos de José Manuel Constantino, a quem sucedeu após a morte do pensador do desporto, em 11 de agosto.

“Vicente Moura teve a capacidade e a força, com a sua equipa e com o apoio de muitos diretores, (…) para a realização da obra que aqui está e onde estamos hoje, que foi uma obra bestial e é uma obra que realmente é muito importante para o Comité Olímpico”, lembrou, na sede do organismo, em Lisboa.

Depois do percurso com Vicente Moura, acompanhou, “durante quase 11 anos e alguns meses”, José Manuel Constantino, “que toda a gente sabe o que fez”.

“Obviamente que as paredes já estavam, mas ele encheu esta casa com um software que é inigualável. É um software que deixa para o futuro praticamente um COP todo preparado para realizar uma série de coisas, muito para além de organizar as Missões Olímpicas”, destacou.

Os dois presidentes que escudou foram “realmente diversos” em “tudo”: “na sua maneira de ser, na maneira de falar, na maneira de se relacionar até com o próprio COP, com a Comissão Executiva, e na própria maneira de liderar internamente todos os programas que aqui se vieram desenvolvendo”.

Artur Lopes foi companheiro incansável de Constantino, sobretudo durante o período em que o antigo presidente esteve doente, não poupando elogios ao seu antecessor.

“Preencheu esta casa, de facto. Pôs todos os departamentos a funcionar de uma maneira correta. Soube muito bem, até porque era um tipo perspicaz nesse aspeto, escolher os seus colaboradores. (…) Às vezes, era um bocado duro mesmo, quando tinha de ser, mas a vida é assim. No entanto, todos eles guardam dele, e eu pude aperceber-me disso nestes oito meses, uma lembrança, uma saudade muito grande, aliás, como eu particularmente”, confessou.

Com “aquela carapaça de duro que mostrava, de pessoa impenetrável, distante”, Constantino era, na realidade, alguém que “ficava extremamente magoado” com comentários desagradáveis, principalmente vindos de “pessoas que eram diretamente ligadas a ele”.

“Agora, em verdade, era um indivíduo que pensava o desporto, vivia o desporto. A sua vida profissional foi sempre o desporto, encarou sempre o desporto como uma forma de vida e, sobretudo, como uma vida própria no desporto, para promover os elementos que o desporto transporta para uma sociedade, para o bem da sociedade, para o bem do equilíbrio, para o bem de tudo”, completou.

Por conhecer “profundamente aquilo que ele pensava”, Artur Lopes acredita que Constantino estaria satisfeito com os seus meses de presidência.

“Acho que sim, porque, primeiro, tentei que tudo se fizesse de acordo (com ele). Só houve aqui algumas coisas que foram necessárias, devido à minha maneira de ser e à maneira de ser dele, porque éramos completamente diferentes”, notou, referindo-se nomeadamente ao rigor que tem nas contas e que lhe permitirá deixar o COP com “uma saúde financeira como nunca teve até hoje”.

Prestes a despedir-se do organismo olímpico – a tomada de posse do presidente eleito na quarta-feira acontecerá em 25 de março -, Lopes fala com entusiasmo da estrutura que lidera.

“Realmente, é uma casa em que quem vier, vem para uma casa que, se por acaso, entortar as coisas só vai prejudicar-se, seguramente”, alertou.

Instado pela Lusa a olhar para o seu passado no COP, Artur Lopes admitiu que mudaria apenas uma coisa: “Se calhar, ter um papel mais ativo no início com o Vicente Moura. Mas eu não tinha muito tempo naquela altura ainda, porque eu era presidente da Federação (Portuguesa de Ciclismo) e tinha muita coisa na federação para fazer e resolver”.