Continuam os protestos no Irão, oito semanas após a morte de Mahsa Amini, depois de detida por alegado incumprimento das estritas políticas de vestuário que a lei islâmica prevê para as mulheres.
Apesar da repressão sangrenta, os protestos foram subindo de tom, tendo começado com grupos de mulheres que queimaram os respetivos hijabs e cortaram o cabelo, passando agora a pedidos de fim da república islâmica.
Negin Shiraghaei, defensora dos direitos humanos, pediu aos espectadores que assistam aos jogos do Irão nos estádios do Catar que cantem o nome de Amini aos 22 minutos de cada encontro, em alusão à idade da jovem, que tinha 22 anos.
"Juntem-se a nós para relembrar o mundo sobre o que está a acontecer no Irão ao cantarem o nome da Mahsa (Amini) aos 22 minutos dos jogos deste Mundial", escreveu, através do Twitter.
Masih Alinejad, uma ativista nascida no Irão, mas radicada em Nova Iorque, que faz campanha contra o uso obrigatório do hijab, reforçou o apelo, pedindo que os adeptos "ajudem a imortalizar" e jovem, bem como "a luta contra este regime brutal".
O grupo Iran Human Rights, sediado em Oslo, diz que pelo menos 304 pessoas foram mortas no Irão desde que os protestos relacionados com a morte de Amini começaram.
Os protestos tiveram por base a fúria dos cidadãos iranianos, que se mostram contra as restritivas regras de vestimenta para as mulheres. Contudo, as reivindicações foram aumentando, tornando-se num amplo movimento contra a teocracia que governa o país.
Entre as figuras públicas do Irão que demonstraram apoio aos protestos estão vários desportistas de elite, tendo alguns deles tido problemas com as autoridades, como foi o caso do antigo futebolista internacional Hossein Maanahi, que foi detido por alegado apoio demonstrado às manifestações através das suas redes sociais.
Ainda no futebol, praticamente toda a seleção nacional, com exceção de dois atletas, se recusou a cantar o hino nacional antes do amigável diante de Nicarágua, em Teerão, de acordo com imagens divulgadas pela internet.
Esta decisão dos futebolistas iranianos surge já depois de, em setembro, toda a equipa ter mantido vestido um casaco preto no momento em que o hino se ouvia, de forma a tapar o equipamento oficial, num ato que foi visto como uma homenagem a todas as pessoas que morreram durante os protestos.
O Irão tentou amenizar a questão, afirmando que as manifestações estariam a ser orquestradas pelos Estados Unidos. Ebrahim Raisi, presidente iraniano, chegou mesmo a acusar Joe Biden, líder norte-americano, de "incitar ao caos".
No Mundial-2022 Irão defrontará a Inglaterra, a 21 de novembro, o País de Gales, ema25 de novembro, e os Estados Unidos, 29 de novembro.