"Por vezes, as pessoas perguntam-me se ainda tenho algo a perder aos 38 anos, com o meu historial. Claro que tenho! Sou uma competidora feroz, o meu único objetivo é vencer! Mesmo aos 38 anos", disse Fraser-Pryce antes da jornada de sexta-feira da Liga Diamante, em Bruxelas.
"Se eu não acreditasse que era possível, já não estaria a fazer isto. Sempre que me coloco na linha de partida, o objetivo é vencer. Não importa como me parece, porque sou maluca. O que importa é ir lá fora e ser competitiva e não aparecer só para dar nas vistas", acrescentou.
Esta época, Fraser-Pryce tem tido dificuldade em atingir a velocidade de outrora.
Em Bruxelas, enfrenta a forte concorrência de um trio americano: Sha'Carri Richardson, a atual campeã do mundo e medalha de prata olímpica, Melissa Jefferson-Wooden, que lidera a lista das melhores do mundo, e Maia McCoy, que já fez duas vezes tempos abaixo dos 11 segundos esta época.
"Um tempo rápido na sexta-feira seria certamente um estímulo para a confiança, mas o mais importante é a execução técnica. Depois, o tempo rápido virá naturalmente", disse.
Ter os Mundiais em Tóquio "é definitivamente um momento de ciclo completo", uma vez que Fraser-Pryce iniciou a sua carreira sénior nos Campeonatos do Mundo de 2007, em Osaka.
"Poder terminar num país em que comecei é fantástico. É uma bela história", disse.
"Depois da desilusão dos Jogos de Paris, demorei algum tempo a recuperar e a reconstruir", acrescentou, referindo-se ao facto de ter abandonado a meia-final olímpica dos 100 metros no ano passado devido a uma lesão.
"Estou saudável e treinei muito nos últimos meses. Estou pronta para tentar conquistar o sexto título mundial em Tóquio", garantiu.
Sem segredos para o sucesso
Fraser-Pryce, a terceira mulher mais rápida de todos os tempos nos 100m, com um tempo de 10,60, ganhou três medalhas de ouro olímpicas e 10 títulos mundiais, com um total de 25 medalhas olímpicas e mundiais em seu nome.
"O meu segredo? Não há segredo nenhum", afirmou.
"A minha disciplina de treino trouxe-me até aqui e o desporto dá-me muita alegria. Gosto imenso e estou muito grata por tudo o que consegui na minha carreira e por tudo o que pude experimentar. Continuo a ser muito apaixonada. E para competir a um nível elevado, não é segredo que é preciso ser disciplinada. É preciso trabalhar muito. E acho que o fundamental ou o principal para mim neste momento é que continuo a gostar do que faço. E acho que essa é a melhor sensação", explicou.
"Só um bom treino não é suficiente, também é preciso ser capaz de o traduzir em competição. Quero acertar a minha partida na sexta-feira e também quero ver outros pormenores técnicos em que trabalhei arduamente traduzidos em competição", acrescentou Fraser-Pryce.
No entanto, a decisão de terminar a carreira não foi difícil.
"Não foi nada difícil", disse.
"Para mim, fui privilegiada, sou abençoada por ter tido muito sucesso no atletismo e por ter algumas memórias fantásticas. Embora continue a trabalhar arduamente e a manter a emoção, não deixei que a minha mente chegasse ao ponto de pensar: 'Meu Deus, vou reformar-me'. Ainda estou concentrada em competir e em vencer. Por isso, essas coisas são prioritárias na minha cabeça. Por isso, ainda não estou a pensar na reforma", concluiu.