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Europeus de Atletismo: Isaac Nader recusa favoritismo, Patrícia Silva quer final

Isaac Nader representa Portugal nos Europeus de Atletismo
Isaac Nader representa Portugal nos Europeus de AtletismoIan MacNicol / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
Isaac Nader dispensou o estatuto de principal candidato português aos pódios nos Campeonatos da Europa de atletismo indoor Apeldoorn-2025, enquanto Patrícia Silva aspira a uma vaga na final.

“Não vou chegar com outro estatuto. Acho que chego melhor do que no ano passado (Mundiais pista coberta Glasgow-2024), em termos de marca estou melhor, acho que não tenho menos forma. Vamos ver o que é que pode acontecer. O nível dos 1.500 metros é muito difícil e, depois, depende de quem é que gere melhor a corrida e de quem chega com menos ácido lático aos últimos 100 metros ou até à última volta, para ver quem, realmente, fica nos três primeiros lugares”, afirmou o atleta do Benfica, em declarações à agência Lusa.

Aos 25 anos, Nader chega aos Europeus com os recordes nacionais nos 1.500 metros e nos 800, ambos alcançados no último mês, apostando nas sete voltas e meia à neerlandesa Arena Omnisport Apeldoorn, a enfrentar as eliminatórias logo na quinta-feira, com a provável final no dia seguinte.

O algarvio apresenta-se na câmara de chamada com o terceiro tempo entre os inscritos, atrás do campeoníssimo norueguês Jakob Ingebrigtsen, que procura a terceira vitória seguida na distância e o sétimo título em Europeus – conta cinco, tenta conquistar 1.500 e 3.000 pela terceira vez consecutiva –, e do francês Azeddine Habz.

“No ano passado cheguei com a segunda (melhor marca), este ano chego com a terceira. Mas isso, efetivamente, não quer dizer nada. Não tenho um estatuto superior aos meus colegas ou dos que estão atrás na lista, nem inferior aos da frente. Nós sabemos que o Jakob Ingebrigtsen é, nos últimos anos, o melhor atleta em meetings, a correr rápido, com lebres. Nas provas em que puxa, realmente, foi de uma hegemonia, de uma qualidade diferente, mas tudo pode acontecer. Ele já perdeu, aliás, a nível global, ele perdeu sempre desde 2022, mas é o favorito a ganhar os 1.500 metros, tal como é o grande favorito a ganhar os 3.000”, explicou.

Recusando ser “a última bolacha do pacote”, Isaac Nader reconhece ter “mais consistência” e, no fundo, também ser “melhor atleta e mais experiente”, prometendo, unicamente, “representar a seleção e dignificar as cores do país”.

“O que me deixaria satisfeito era, tendo em conta a minha posição, ficar, pelo menos, no lugar em que estou. Ganhar uma medalha era o que me deixava satisfeito”, sublinhou o único português com marca de qualificação direta para os Mundiais indoor, a disputar em Nanjing, China, de 21 a 23 de março, reconhecendo que, para isso, “também é preciso ter sorte”.

Jessica Inchude também parte do pódio para o lançamento do peso, com a terceira marca entre as inscritas, à frente da bicampeã Auriol Dongmo, sexta, enquanto Salomé Afonso detém o quarto tempo à partida para os 3.000 e João Coelho e Tiago Luís Pereira os quintos registos nos 400 e no triplo, respetivamente.

Já Patrícia Silva cumpre quase uma tradição familiar, depois do pai Rui Silva e do avô Carlos Cabral, cada um com cinco presenças em Europeus sob telha, estreando-se nos 1.500 com a sexta melhor marca entre as inscritas e também poucos dias depois de ter melhorado o recorde nacional dos 800 (2.00,79 minutos), que estava na posse de Carla Sacramento desde 17 de fevereiro de 1995.

“Tem sido uma época muito boa, fruto de muito trabalho. As expectativas são sempre fazer o melhor possível e, primeiro de tudo, tentar passar à final. Como são provas de campeonato, nunca se sabe se são táticas, se são rápidas, mas quero tentar a passagem à final e, depois, o melhor resultado possível”, afirmou a atleta do Sporting.

Também à Lusa, Patrícia Silva justificou a opção pelos 1.500 metros pela coincidência das eliminatórias das quatro voltas à pista na manhã de sexta-feira, dia da final da distância maior, mas também pela sua própria experiência.

“Eu podia pensar que, se não passar (à final dos 1.500), vou aos 800, mas, se não passar, não passei. Eu escolhi focar-me nos 1.500 e dar o meu melhor. E acho que tenho de ser justa com todas as colegas que querem participar nos 800 e eu não quero estar a tirar o lugar, porque eu já fiquei em casa por um lugar e não achava justo estar a roubar o lugar a alguém”, reconheceu.

Na ressaca da ausência dos Jogos Olímpicos Paris-2024, a atleta natural do Cartaxo, de 25 anos, assume-se “agradecida das coisas estarem a correr bem”, confiando que esta positividade se prolongue nestas provas, em que conta com a companhia de Salomé Afonso.

“O primeiro de tudo é mesmo passarmos à final e, claro que, estando numa final, isto é um desporto individual, temos de correr cada uma por si e, pronto, acaba por ser uma rival como todas as outras. E, pronto, a nível de entreajuda, acho que em campeonatos há pouca coisa que possamos fazer para nos ajudar uma à outra. Se cada uma der o melhor, de certeza que há de sair algo bom”, concluiu.