Tal como em Paris-1924, Portugal voltou a subir ao lugar mais baixo do pódio, com a equipa de espada, após dois quartos lugares, a conseguir o bronze, por Paulo d’Eça Leal, Mário de Noronha, Jorge Paiva, Frederico Paredes, João Sasseti e Henrique da Silveira.
Apesar da oposição da Rainha Guilhermina e das entidades eclesiásticas neerlandeses, os Jogos realizaram-se mesmo em Amesterdão, graças ao forte apoio popular e à ajuda de mecenas locais, que compensaram a fragilidade dos cofres do COI, agora liderado pelo belga Henri de Baillet Latour, o sucessor de Coubertin.
Estes obstáculos não impediram que a oitava edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna decorresse sem sobressaltos e com algumas novidades marcantes, como o surgimento da chama olímpica, um ritual recuperado da Antiguidade.
A parada das nações na cerimónia de abertura foi outra das novidades em Amesterdão, com a Grécia, país dos Jogos da Antiguidade, a ser a primeira a ‘marchar’ e com os Países Baixos, como nação anfitriã, a fecharem o cortejo.
Em Amesterdão, as mulheres, que participaram em número recorde (277), disputaram pela primeira vez as provas de velocidade em atletismo, com a norte-americana Elizabeth Robinson, com apenas 16 anos e na sua quarta corrida competitiva, a tornar-se na primeira campeã olímpica dos 100 metros.
Os Jogos de 1928 voltaram a ser dominados pelos Estados Unidos, embora de forma menos vincada, apesar das 22 medalhas de ouro, mais do dobro da regressada Alemanha (10), afastada das duas edições anteriores devido ao seu envolvimento na I Guerra Mundial.
A nível individual, esteve novamente em destaque o Tarzan John Weissmuller, nadador norte-americano que voltou a conquistar o ouro nos 100 e 4x200 metros livres.
Para a história ficou também o japonês Mikio Oda, primeiro campeão olímpico vindo da Ásia e que venceu o triplo salto, apesar das dificuldades em chegar a Amesterdão, após uma longa viagem de comboio, que passou pela Sibéria.
Insólito foi o momento protagonizado pelo remador australiano Henry Pearce, que, nos quartos de final, parou a sua embarcação para deixar passar uma família de patos. Mesmo com esta paragem, Pearce acabou por vencer a eliminatória e ganhar a medalha de ouro.
A espada portuguesa finalmente subiu ao pódio
A equipa de espada portuguesa, após dois quartos lugares consecutivos, subiu finalmente ao pódio e conseguiu o bronze nos Jogos Olímpicos Amesterdão-1928, dando a segunda medalha a Portugal.
Jorge Paiva, Frederico Paredes, Henrique da Silveira, João Sassetti, Paulo d’Eça Leal e Mário de Noronha conseguiram a terceira medalha lusa em Jogos Olímpicos.
Após os quartos lugares de 1920 e 1924, a formação lusa começou a caminhada rumo à medalha com um empate frente à Suécia (8-8), mas vitórias sobre Países Baixos (8-7), Estados Unidos (8-7) e Noruega (10-2) garantiram a presença na fase seguinte.
Os atiradores portugueses lograram o apuramento para a fase final pela terceira vez consecutiva ao baterem a Checoslováquia (8-0) e, novamente, os Países Baixos (8-7), perdendo apenas com a Itália (10-6).
De novo na discussão das medalhas, Portugal esteve desta vez à altura, perdendo por 9-6 com a Itália (medalha de ouro) e por 9-7 com a França (medalha de prata), mas o empate 8-8 com Bélgica foi suficiente para garantir o bronze por um ponto - Portugal totalizou -5 (21-26) e os belgas -6 (20-26).
No equestre, a equipa composta por José Mouzinho de Albuquerque, Luís Ivens Ferraz e Hélder de Sousa Martins não conseguiu repetir o bronze de Paris-1924, mas alcançou um honroso quarto lugar, em igualdade (12 pontos de penalização) com França e Itália. A Suécia, medalha de bronze, penalizou 10 pontos.
Em bom plano esteve também a estreante equipa portuguesa de futebol, orientada por Cândido de Oliveira, ao obter o quinto lugar ex-aequo, depois de ser eliminada nos quartos de final pelo Egito (2-1).
Portugal teve de jogar uma pré-eliminatória, a 27 de maio, frente ao Chile, que esteve a vencer por 2-0, com tentos de Carbonell e Subiabre, mas não aguentou a reação do onze nacional, que ganhou por 4-2, com dois tentos de José Manuel Soares Pepe, um de Vítor Silva e outro de Valdemar Mota.
Na primeira eliminatória, dois dias depois, Portugal venceu a Jugoslávia por 2-1, com golos de Vítor Silva e Augusto Silva, apurando-se para os quartos de final. Mas, em 04 de junho, de nada valeu mais um tento de Vítor Silva, pois o Egito venceu por 2-1, acabando com o sonho português.
No total, estiveram 32 portugueses em Amesterdão, 12 dos quais integrantes da equipa de futebol, contra os 28 presentes quatro anos antes em Paris, onde o país também tinha estado representado em oito modalidades.
Os portugueses
- ATLETISMO:
100 metros (M) José Pratas de Lima 4.º na eliminatória
200 metros (M) José Pratas de Lima 4.º na eliminatória
110m barr. (M) José Palhares da Costa 4.º na eliminatória
3.000m obst. (M) Henrique Santos 7.º na eliminatória
- HIPISMO (PRÉMIO DAS NAÇÕES):
Individual (M) José Mousinho Albuquerque 19.º
Individual (M) Luís Ivens Ferraz 15.º
Individual (M) Hélder de Sousa 16.º
Equipas (M) Mousinho Albuquerque 6.º
Luís Ivens Ferraz
Hélder de Sousa
- HALTEROFILISMO:
- 60kg (M) António Pereira 11.º
- ESGRIMA:
Florete (M) Sebastião Herédia 5.º na poule 4
Espada (M) Henrique da Silveira 4.º na poule 1
Espada (M) Paulo d’Eça Leal 3.º (Bronze)
Mário de Noronha
Frederico Paredes
João Sassetti
Henrique da Silveira
Jorge Paiva
- LUTA GREGO ROMANA:
Leves (M) Benjamim Araújo 1.ª eliminatória
- PENTATLO MODERNO:
Individual (M) Sebastião Herédia 31.º
- VELA:
6 metros (M) Frederico Burnay 12.º
Carlos Eduardo Bleck
Ernesto Mendonça
António Guedes Herédia
João Penha Lopes
- FUTEBOL:
Equipas (M) António Roquete 5.º
Carlos Alves
Jorge Vieira
Raul Figueiredo
Augusto Silva
César Matos
Valdemar Mota
José Manuel Soares
Vítor Silva
Armando Martins
José Manuel Martins
João dos Santos
Quadro de medalhas
Estados Unidos: 56
Alemanha: 39
Países Baixos: 23
Finlândia: 25
França: 25
Suécia: 25
Itália: 20
Suíça: 17
Hungria: 10
Grã-Bretanha: 22
Canadá: 15
Argentina: 7
Dinamarca: 9
Áustria: 4
Checoslováquia: 9
Japão: 5
Polónia: 7
Estónia: 5
Egito: 4
Austrália: 4
Noruega: 4
Jugoslávia: 5
África do Sul: 3
Espanha: 1
Índia: 1
Irlanda: 1
Luxemburgo: 1
Nova Zelândia: 1
Uruguai: 1
Bélgica: 3
Chile: 1
Haiti: 1
Filipinas: 1
PORTUGAL: 1
