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Paris 2024: Técnico nacional encara a estafeta mista na marcha como um desafio

Carlos Carmino, técnico nacional de Marcha
Carlos Carmino, técnico nacional de MarchaCarlos Carmino Rodrigues/Facebook
O técnico nacional de marcha, Carlos Carmino, disse encarar como “um novo desafio” a estafeta mista com a distância da maratona, face à dificuldade colocada com o desaparecimento da longa distância do programa olímpico da disciplina.

Em declarações à Lusa, o responsável considera que a estafeta, anunciada na última sexta-feira pela World Athletics (WA) e pelo Comité Olímpico Internacional (COI), leva a um trabalho entre atletas, treinadores e dirigentes para encontrar um caminho a seguir.

Prefiro fazer o nosso trabalho, do setor em primeiro lugar, porque temos de perceber as reações e motivações dos nossos atletas e treinadores, na marcha. (...) A federação, depois, terá de encontrar uma estratégia que seja a mais adequada para nos apresentarmos, onde quer que haja qualificação para os Jogos, na melhor forma possível, porque queremos muito ir”, explicou.

Carmino defendeu “todo um trabalho de equipa”, com “o entusiasmo e o otimismo possível”, para lutar pela qualificação seja nas provas individuais de 20 quilómetros seja nesta nova estafeta.

“Depois de ouvir treinadores e atletas, vamos fazer uma proposta de trabalho, internamente, que possa merecer a melhor atenção por parte da direção técnica nacional, da federação, e depois passemos ao trabalho de equipa, porque isto é uma estafeta, e portanto é um desafio. Vamos a isso”, acrescentou.

Esta mudança, que apresenta a distância de maratona para equipas de dois atletas, um homem e uma mulher, em formato de estafeta (o homem começa com pouco mais de 10 quilómetros, passa o testemunho, e assim sucessivamente até perfazerem os 42,195 quilómetros), “só não é uma surpresa muito grande” porque já era falada, de forma não oficial, há algum tempo.

Uma mudança grande no que toca à forma como a competição, e a preparação, da disciplina se processará prende-se com o tempo de espera para os atletas que forem rendidos, a rondar os “40 e poucos minutos”, o que é “completamente diferente” da gestão de esforço nas provas de 20 quilómetros, na de 35 quilómetros e mesmo na extinta de 50.

Nós estamos a ano e pouco dos Jogos Olímpicos, e deparamo-nos com uma prova que já não tem nada a ver com os 35 km masculinos e femininos. Agora, precisamos de atletas com outro perfil, e penso que, neste momento, nenhum país está preparado, ainda, para uma prova deste tipo”, concedeu Carlos Carmino.

O desaparecimento da longa distância no programa olímpico para Paris 2024 poderá levar a alterações no quadro competitivo de Europeus e Mundiais, ficando a dúvida sobre se mantêm as provas de 35 quilómetros ou não.

Temos de esperar por mais informações da WA, nomeadamente, no Mundial por equipas de 2024, que prova iremos ter, se é uma de 35 km mista, como está prevista, e comunicada, ou se vão modificar de acordo com o que, sabemos agora, será a prova dos Jogos Olímpicos. A mim, parece-me que faz sentido haver alteração. E depois essa prova vai qualificar, diretamente, para os Jogos E quantas equipas? São respostas que ainda não temos”, lamenta.

Considera que o atletismo, em génese, tem uma preferência por provas individuais, e que os atletas “gostam de estar entregues a si próprio, depender do seu esforço”.

A prova dos 50 quilómetros marcha foi disputada pela última vez em Tóquio 2020, depois de ter feito parte do programa olímpico desde Los Angeles 1932 – a exceção foi em Montrea l1976 –, tendo, em Mundiais sido substituída pelas competições de 35 quilómetros.

A decisão, anunciada na sexta-feira pela WA e pelo COI, faz com que a distância mais longa da marcha desapareça das grandes competições, e se passe apostar num percurso de maratona (42,195 km), dividido por quatro atletas.

Serão 25 seleções em competição, cada uma composta por um atleta masculino e um feminino, que completarão a distância em quatro etapas de distância aproximadamente igual.

A estafeta da marcha será disputada na quarta-feira 7 de agosto de 2024, às 6:30, seis dias depois das provas individuais de marcha atlética de 20 quilómetros, o que permitirá que os marchadores compitam nas duas provas.