Numa publicação no Instagram, a 10 de agosto, Lyles escreveu: "Vou correr 9,65 (e) 19,10"
Agora, na véspera dos campeonatos do mundo, Lyles não recuou nessas previsões.
"Acredito firmemente que as coisas podem ser feitas. A sério", disse Lyles numa conferência de imprensa esta sexta-feira, um dia antes do início dos 100 metros.
"Vivi toda a minha vida, para ser sincero, a lutar. Quando nasci... só lutei para sair do hospital. Depois disso, foi só lutar para sair da escola, com dislexia e DDA, tentando encontrar o meu próprio caminho. Agora estou a lutar na pista. Não tenho problemas em dizer quais são os meus sonhos", assumiu.
O campeão do mundo nos 200m em 2019, e no ano passado, disse que o trabalho recente com o guru da mecânica da USATF, Ralph Mann, alimentou a sua confiança. Mann registou Lyles a percorrer 11,98 metros de pista por segundo.
"E há que pensar: isto é apenas treino", disse Lyles.
"Mann nunca registou ninguém mais rápido do que 11,6 - que era eu", acrescentou.
Um tempo de 19,10 nos 200 esmagaria o recorde mundial de Usain Bolt de 2009, de 19,19. O recorde do jamaicano nos 100 é de 9,58, também dos campeonatos mundiais de Berlim.
O colega de equipa americano Fred Kerley, o atual campeão mundial dos 100 metros, ficou irritado quando lhe perguntaram o que pensava sobre as previsões de Lyle.
"Eu sou Fred Kerley, é o meu título", disse.
"Se o Noah vai correr 9,65, eu estou a correr mais depressa", acrescentou.
Lyles respondeu: "É o que todos dizem até serem derrotados."
O que os dois velocistas americanos concordaram é se o campeão olímpico italiano Marcell Jacobs, que quase não correu nesta temporada, registando 10,21 nos 100 metros, é ou não uma ameaça.
"Acho que não temos muito com que nos preocupar neste momento", disse Kerley.
Enquanto Kerley, de 28 anos, é um homem de poucas palavras, Lyles, que ostentava um novo penteado trançado e unhas bem cuidadas, é o showman cativante que o desporto perdeu desde a reforma de Bolt em 2017.
Quando um repórter elogiou a equipa de imprensa de Lyles pela sua presença proeminente nas redes sociais, o velocista disse que ele é o seu próprio chefe de relações públicas.
"Tenho quase a certeza que assusto o meu agente, a minha mãe e o meu treinador, todos ao mesmo tempo, porque entro diariamente nas redes sociais", riu-se Lyles. A sua confiança, segundo ele, é bem merecida.
"Muitas pessoas pensam que é automático, que vem do nada. Mas, na realidade, ela vem de várias vitórias, várias confirmações", disse Lyles.
Uma dessas confirmações foi o facto de ter voltado a correr 19,47 para vencer os 200 metros na Liga Diamante de Londres, a 23 de julho, depois de um surto de COVID, duas semanas antes dos campeonatos dos EUA.
"A COVID-19 afectou definitivamente a confiança e a mentalidade, mas a entrada na equipa só a reforçou e, à medida que vou treinando todos os dias, vejo a prova. Estou a ver os números", disse Lyles.
"Tenho uma boa razão para acreditar que vou fazer algo que nunca fiz antes", assumiu.