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Mundiais de Atletismo: "Medalha de Isaac Nader é especial e já podia ter acontecido", diz Pascual Oliva

Salomé Afonso, Enrique Pascual Oliva e Isaac Nader
Salomé Afonso, Enrique Pascual Oliva e Isaac NaderInstagram
O espanhol Enrique Pascual Oliva, treinador do novo campeão do mundo dos 1.500 metros, Isaac Nader, reconheceu que esta medalha de ouro é especial, mas que já podia ter acontecido antes.

Nos Europeus Roma2024, devia ter conquistado uma medalha, tiraram-lhe essa oportunidade e ele não a ganhou”, começou por recordar o consagrado treinador, que orientou Fermin Cacho.

O espanhol sagrou-se campeão olímpico em Barcelona1992, mas nunca alcançou o título mundial, conforme recordou à Lusa o técnico.

“O melhor que tinha conseguido eram duas medalhas de prata, com um só atleta (em Estugarda1993 e Atenas1997) quer dizer, ele conquistou-as, mas de ouro não tinha nenhuma. Não sei como se diz em Portugal, mas ao fim de 40 anos de carreira de treinador, esta é a cereja no topo do bolo”, assumiu, antes mesmo de confirmar que a expressão popular é igual nas duas línguas.

Oliva era um dos presentes na zona mista do Estádio Nacional do Japão, em Tóquio, com o equipamento da seleção nacional, juntamente com o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Domingos Castro, os dirigentes Ricardo Vale e Sérgio Guedes, a atleta Fatoumata Diallo e, claro, Salomé Afonso, a namorada de Isaac Nader.

A também finalista dos 1.500 metros foi a tradutora do novo campeão, perante as câmaras e microfones das televisões estrangeiras, isto depois de já ter sido uma das primeiras pessoas a quem Isaac Nader se dirigiu nas bancadas, claro, depois de abraçar Oliva.

Eu gosto de ajudar quem quer ser ajudado, eu ajudo e dedico-me a isso. Sou um reformado e acho que este ano já está feito, com as medalhas do Isaac Nader e da Salomé”, vincou.

O meio-fundista do Benfica conquistou o oitavo ouro mundial mundial português à terceira tentativa, depois de ter sido 37.º em Oregon2022 e 12.º e último da final em Budapeste2023, após a qual assumiu à Lusa a vontade de lutar pelas medalhas nos Jogos Olímpicos Paris2024.

Não chegámos lá muito bem, porque não houve tempo depois de Roma2024. Houve outras competições, de clubes e assim, e isso impediu-nos de fazer o trabalho que tinha de ser feito. Era uma ambição e era uma oportunidade, mas se chegamos mal, não estamos em condições, não acontece”, recordou.

O espanhol recuperou ainda o desempenho em Budapeste2023, em que a oportunidade era real.

A forma de correr dele, por vezes, tem muitas mudanças de ritmo, muitos arranques, porque quer estar sempre no sítio certo e, por isso, gasta muita energia e ao gastar essa energia acaba por pagar. Foi isso que se passou lá, mas também a evolução de um atleta, que tem de amadurecer. Não pode passar de 3.37 para 3.30 minutos e chegar às medalhas, tens de te acostumar a fazer isso em competição, saber como suportas o sofrimento, por isso, raramente acontece à primeira”, explicou.

Pouco tempo tinha passado da conquista da medalha, já Pascual Oliva realçou que “esta luta nunca acaba”.

“Hoje estás num momento de glória, amanhã estás em baixo e duvidam de ti”, rematou, para justificar o foco constante, apesar de prometer férias a Isaac Nader: “Eu vou dar-lhe mais férias do que eles (juntamente com Salomé Afonso) querem, mas espero que tenham uns dias de descanso, mesmo que sejam poucos, que sejam bons”.