“Só acontece a quem cá está e não podemos esquecer o percurso até à final. Não duvido que seria uma marca igual ou melhor à semifinal. Aconteceu-nos este acidente. É trabalhar, esta equipa tem ainda muito para dar e é muito jovem”, afirmou João Coelho.
O recordista nacional dos 400 metros lamentou o desfecho da final, com o nono e último lugar na estreia lusa na estafeta masculina em Campeonatos do Mundo, após a melhoria do recorde nacional, no sábado, nas meias-finais, em mais de dois segundos, para 02.59,70 minutos – era 03.01,78, desde maio.
“Estou (triste), porque sei que corremos melhor que isto. Infelizmente, estas coisas acontecem. Aconteceu connosco”, reconheceu Ricardo dos Santos, que, depois de ter ficado de fora das semifinais, hoje assumiu o quarto percurso.
Portugal seguia no sexto lugar e, na última transmissão, aos 1.200, caiu para o nono posto, falhando a posição de finalista, atendendo ao alargamento da corrida decisiva a nove conjuntos, com a repescagem dos Estados Unidos, vice-campeões do mundo, numa prova disputada sob chuva intensa, que também contribuiu para este incidente.
“Claro que a chuva prejudicou. Não estava fácil para mim para controlar o testemunho, imagino que a receber seja igualmente difícil”, vincou João Coelho, na zona mista do Estádio Nacional do Japão.
O velocista do Sporting contestou ainda a decisão de aumentar o número de participantes na final, deixando Portugal fora da posição de finalista, mas só no papel.
“O alargamento da final não faz sentido. Todas as equipas trabalharam muito para chegar aqui e ficarmos com o nono lugar, para mim, não faz qualquer sentido. Saio com a sensação de finalista, mesmo estando em nono lugar. Saio mais triste por termos sido nonos e não oitavos, mas as coisas são como são”, rematou.
Já Ricardo dos Santos, que foi a aposta do treinador Victor Zabumba para terminar a prova, em detrimento de Omar Elkhatib, que tinha fechado o quarteto com Pedro Afonso, Ericsson Tavares e João Coelho, entre lágrimas, desabafou, recordando o percurso desta estafeta.
“Nos últimos três anos, quem imaginava que íamos estar aqui? Quando começámos, em 2022, tirámos um recorde e corremos 3.03, que ainda não era nada de especial. Três anos depois, estamos numa final dos Mundiais, a correr abaixo dos três minutos. Acredito que nos próximos anos esta equipa vai crescer e correr muito rápido”, concluiu o atleta do Benfica.
O quarteto luso, que beneficiou da desclassificação da Austrália para chegar à final, com o sétimo tempo das meias-finais, cumpriu as quatro voltas ao Estádio Nacional do Japão em 03.09,06 minutos, a mais de 10 segundos do quarteto vencedor, do Botswana (2.57,76), à frente dos repescados Estados Unidos, vice-campeões, e da África do Sul, terceira classificada.
A formação comandada por Victor Zabumba, cuja prova ficou marcada por um erro na última passagem de testemunho, caiu uma posição na lista de partida com o tempo obtido este domingo pelos Estados Unidos frente ao Quénia, depois de, no sábado, terem ficado no quinto lugar da segunda meia-final e o sexto na geral.
Portugal encerra a 20.ª presença noutros tantos Campeonatos do Mundo com duas medalhas de ouro, repetindo o feito ocorrido há 30 anos, em Gotemburgo1995, então com mais dois metais, e com mais uma posição de finalista, o sexto lugar de Agate Sousa no salto em comprimento.