Nos últimos quatro Mundiais, o ouro nos 100 metros foi para norte-americanos (Justin Gatlin, Christian Coleman, Fred Kerley e Lyles, sucessivamente), mas a Jamaica parece preparada para reconquistar para a sua ilha o trono que tinha nos anos de apogeu do próprio Bolt.
"Kishane e Oblique mostraram esta temporada que estão a fazer realmente bem", afirmou Bolt esta quinta-feira num evento com a imprensa em Tóquio.
"Eles podem ser primeiro e segundo pelo que mostraram este ano. Estão em forma e a correr tempos muito rápidos. Agora tudo dependerá da execução", vaticinou, referindo-se aos 100 metros que começam este sábado com as séries e em que no domingo serão disputadas as meias-finais e a final.
Thompson foi medalha de prata olímpica no ano passado em Paris, perdendo por apenas cinco milésimos de segundo.
Este ano, Lyles perdeu em todos os seus duelos contra as estrelas jamaicanas nos 100 metros, sendo superado por Thompson em Chorzow (Polónia) e por Seville em Londres e Lausanne (Suíça).
Pelo seu caráter extrovertido e gosto pelo espetáculo na pista, Lyles foi comparado a Bolt em várias ocasiões.
"Não acho que Noah seja tão louco quanto Justin (Gatlin)", apontou, considerando que Lyles lhe parece mais correto nas suas intervenções públicas.
Lyles conquistou no último Mundial, em Budapeste 2023, o trio de ouros (100, 200, 4x100 m) que Bolt costumava conquistar nos seus melhores anos.
Os seus recordes não estão em perigo
Bolt estará neste Mundial como espectador, oito anos depois de se ter retirado como atleta após a edição de Londres-2017.
Quebrou os seus recordes mundiais dos 100 e 200 metros num Mundial, o de Berlim-2009, e ambos seguem vigentes: 9,58 e 19,19.
Por enquanto, Bolt não vê ninguém capaz de bater as suas marcas.
"Não, não é algo que me preocupe. Há atletas que vêm aqui e vão se sair bem, mas por enquanto não vejo que possam bater o recorde mundial (nos 100 ou 200 metros masculinos), então não estou preocupado", afirmou.
Talvez no futuro outro Bolt, um dos seus filhos, possa fazê-lo? Também isso não parece provável por enquanto.
"Sempre esperei que um dos meus filhos, os meus rapazes, se dedicassem ao atletismo. Não sei. Por enquanto, não mostram as qualidades, mas espero que melhorem e veremos!", desejou.
Palavras sobre Gout Gout
Usain foi questionado sobre o fenómeno australiano Gout Gout, o prodígio de 17 anos que ganhou notoriedade ao bater no ano passado os recordes Sub-16 que pertenciam ao jamaicano.
"Os tempos que ele está a conseguir agora são realmente bons. É algo que dá gosto ver porque quero que os atletas se saiam bem, quero que o meu desporto vá bem", assegurou.
"Eu costumava fazer grandes coisas quando era jovem, mas a transição de júnior para sénior é sempre mais difícil. Tudo depende se tens o treinador certo e as pessoas certas à tua volta, por isso haverá muitos fatores que influenciarão se finalmente será grande e continuará com essa trajetória", avançou.
Gout Gout está inscrito para correr os 200 metros, o que marcará a sua estreia num Mundial em categoria absoluta.