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Síntese dos Mundiais de Atletismo: Chuva marca últimas finais dos campeonatos

Daniel Stahl levou o ouro no disco
Daniel Stahl levou o ouro no discoKIRILL KUDRYAVTSEV / AFP
A chuva torrencial que se fez sentir no final da sessão marcou este domingo as últimas finais dos Campeonatos do Mundo de atletismo Tóquio-2025, chegando mesmo a ameaçar a realização do lançamento do disco.

Muito depois de a cortina ter descido sobre os campeonatos e de o público ter saído, os homens fortes do disco atiraram, à chuva, num círculo limpo entre ensaios e com uma profusão de toalhas – e riscos de lesão – à mistura.

Por entre um dos mais estranhos concursos em Mundiais, realizado para manter o caminho histórico e honrar a preparação dos atletas, impôs-se o sueco Daniel Stahl.

Como em várias finais nestes campeonatos, do ouro de Isaac Nader nos 1.500 metros, com sprint final, ao de Pedro Pablo Pichardo, que superou um rival no último salto, também o disco ficou assim sentenciado.

Duas horas depois do previsto, cerca das 23:00 (15:00 em Lisboa) volta na capital nipónica, Stahl arremessou o engenho a 70,47 metros, saltando para o primeiro lugar e revalidando o título que havia conquistado em Budapeste-2023, tendo agora três ouros em Campeonatos do Mundo.

No segundo lugar ficou o recordista mundial, o lituano Mykolas Alekna, com 67,84, enquanto Alex Rose fez história para a Samoa com o primeiro pódio da pequena nação, com 66,96 que valeram o bronze.

A norte-americana Melissa Jefferson-Wooden sai de Tóquio-2025 como a grande estrela, tendo somado três ouros, mais do que qualquer outro atleta, nos 100, nos 200 e hoje nos 4x100 metros.

Jefferson-Wooden juntou-se a Twanisha Terry, Kayla White e Sha’Carri Richardson para dar o terceiro título mundial aos Estados Unidos, com 41,75 segundos de marca, quatro centésimos mais rápidas do que a Jamaica.

A prata das jamaicanas permitiu a Shelly-Ann Fraser-Pryce fechar a carreira, aos 38 anos, com mais uma medalha em Mundiais ao ar livre, debaixo de chuva torrencial, ascendendo a 17 no total.

Na corrida masculina, Noah Lyles encerrou o esforço norte-americano para juntar este ouro ao dos 200 metros, bem como o bronze nos 100, com 37,29 segundos de marca, à frente do Canadá, segundo, e dos Países Baixos, terceiros.

O Botswana, com a estrela Letsile Tebogo a subir finalmente ao pódio em Tóquio-2025, conquistou a estafeta 4x400 metros, em que Portugal deixou cair o testemunho numa transmissão e acabou em nono.

A equipa africana cortou a meta em 2.57,76 minutos, batendo os tricampeões em título, os norte-americanos, apenas segundos, deixando o bronze para a África do Sul.

Na corrida feminina, os Estados Unidos imperaram, com 3.16,61 minutos, recorde dos Mundiais, batendo a Jamaica, segunda, e os Países Baixos, de Femke Bol, que cederam a coroa e se quedaram pelo bronze.

Nos 800 metros, Lilian Odira ultrapassou duas britânicas na aproximação à meta para dar ao Quénia mais um ouro, com 1.54,62 minutos de marca, recorde dos campeonatos, deixando para trás a eliminação nas meias-finais nos últimos Jogos Olímpicos.

Aos 26 anos, a queniana deixou em segundo lugar Georgia Hunter-Bell, enquanto a campeã olímpica Keely Hodgkinson não passou do terceiro posto.

Na por momentos interrompida final do salto em altura, em que muitas atletas se tapavam como podiam entre ensaios, a vice olímpica Nicola Olyslagers deu outro ouro à Austrália, e o primeiro da carreira, ao passar os 2,00 metros.

Bronze nos últimos Mundiais, Olyslagers bateu a polaca Maria Zodzik por ter conseguido ultrapassar os dois metros em menos tentativas, enquanto a ucraniana Yaroslava Mahuchikh, campeã olímpica e recordista mundial, partilhou o bronze com a sérvia Angelina Topic, com 1,97.

No decatlo, o alemão Leo Neugebauer vingou a prata olímpica em Paris-2024 ao vencer em Tóquio-2025, com 8.804 pontos, à frente do porto-riquenho Ayden Owens-Delerme, com 8.784, e do norte-americano Kyle Garland, com 8.703.

Neugebauer assumiu a liderança no nono e penúltimo evento, o lançamento do dardo, e selou o triunfo, aos 25 anos, com os 1.500 metros.

No topo do medalheiro, sem surpresas, acabaram os Estados Unidos, único país com mais de 10 ouros – foram 16, além de cinco pratas e cinco ouros.

O presidente da World Athletics, Sebastian Coe, gabou uns campeonatos “para a eternidade”, lembrando que em todos os dias o público nas bancadas do Estádio Nacional superou os 55 mil, aproximando o número total de assistência dos 700 mil.

“Não me lembro só do recorde do mundo de Armand Duplantis no salto com vara, mas das 57 mil pessoas que ficaram nas bancadas só com um evento, e ninguém foi embora”, destacou.