No terceiro e último dia dos Mundiais indoor, este domingo na cidade chinesa de Nanjing, quando se concluiu a última prova, os 4x400 metros femininos, os norte-americanos chegaram à 16.ª medalha, sexta de ouro, e aos 175 pontos no quadro de finalistas, números sem igual para os rivais.
Com efeito, o total de medalhas dos Estados Unidos é mais do que a soma de Noruega, Etiópia e Grã-Bretanha, os países que se seguem. A mesma vantagem avassaladora acontece no quadro de pontos, mas aqui face a Austrália, Etiópia e China.
A Noruega, única com três ouros (dois de Jakob Ingebrigtsen e um de Sander Skotheim, domingo no heptatlo), fica em segundo lugar no medalheiro, mas é a Austrália a segunda nação com mais medalhas, tendo chegado às sete.
Estes Mundiais, que se deviam ter disputado em 2020 mas foram sucessivamente adiados, primeiro, devido à covid-19, e, depois, por falta de calendário, acabaram por se realizar duas semanas após os Europeus Apeldoorn-2025, o que ditou a ausência de vários campeões do velho continente ou a presença em momento de forma menos bom.
Ao invés, os australianos, que estão em plena época de verão, apresentaram-se ao mais alto nível, bem como os norte-americanos, com várias segundas linhas a terem uma ocasião soberana para brilhar.
A nível individual, o triplo sucesso mundial de Grant Holloway, nos 60 metros barreiras, e de Armand Duplantis, no salto com vara, são grandes feitos, tal como a dobradinha de Jakob Ingebrigtsen, nos 3.000 metros e nos 1.500.
O norueguês repete a dupla vitória de há duas semanas, em Apeldoorn, continua intratável, mesmo que para Nanjing os melhores africanos, norte-americanos e britânicos tenham optado por evitar o confronto.
Um exemplo claro do cansaço dos europeus foi este domingo dado pela mediática ucraniana Yaroslava Mahuchikh, recordista mundial da altura, batida pelas australianas Nicola Olyslagers (que manteve o título) e Eleanor Patterson, que saltaram 1,97 metros, mais dois centímetros do que a europeia.
No comprimento e face à ausência da favorita, a alemã Malaika Mihambo, o ouro foi para a norte-americana Claire Bryant com 6,96 metros, com a suíça Annik Kalin a três centímetros.
Outra prova sem o favorito foi o lançamento do peso - sem o recordista Ryan Crouser, dos Estados Unidos, o concurso caiu para o neozelandês Tom Walsh, com 21,65 metros, mais três centímetros do que o norte-americano Roger Steen.
Por escassos três centímetros se ordenou o pódio do salto em comprimento masculino, com o italiano Mattia Furlani (8,30) a superar o jamaicano Wayne Pinnock (8,29) e o australiano Liam Adcock (8,28).
O português Gerson Baldé esteve na final e foi oitavo, com 8,03 metros, sendo o terceiro melhor europeu na classificação, atrás do grego Miltiadis Tentoglou, medalha de ouro em Tóquio-2020 e Paris-2024 e bicampeão do mundo indoor em título, que não foi além do quinto posto, com 8,14.
Em dia de quatro finalistas lusos, a melhor foi Patrícia Silva, que arrancou a medalha de bronze nos 800 metros, em 1.59,80 minutos, novo recorde nacional, pela primeira vez abaixo dos 2.00,00. Melhor do que ela, só duas africanas, a sul-africana Prudence Sekgodiso (1.58,40) e a etíope Nigist Getachew.
Nos 1.500 metros masculinos, Isaac Nader tentou acompanhar a arrancada de Ingebrigtsen (vencedor em 3,38,79) mas fraquejou e repetiu o quarto lugar de Glasgow-2024, ultrapassado pelo britânico Neil Gourley e pelo norte-americano Luke Auser.
No setor feminino, Salomé Afonso foi vítima do andamento fortíssimo, logo de início, da etíope Guduf Tsegay, que com 3.54,86 ameaçou o recorde do mundo. A Etiópia fez dobradinha, através de Diribe Welteji.
Ainda assim, ao ser oitava, Salomé foi a segunda melhor europeia em prova.
Josh Hoey, dos Estados Unidos, é o novo campeão dos 800 metros, com as estafetas do mesmo país a triunfarem, sem grande oposição, nos 4x400 metros.
Nos 60 metros barreiras, a campeã é Devyne Charlton, das Bahamas (7,72).