O historiador do clube de Richmond, Rhett Bartlett, filho do ídolo do clube Kevin, está a ganhar rapidamente notoriedade na Internet por descobrir e digitalizar imagens de futebol do século XX e da década de 2000, anteriormente enterradas.
Esta semana, em conjunto com o veterano jornalista de futebol Rohan Connolly, Bartlett apresentou uma compilação de uma hora sobre a fatídica noite de 16 de setembro de 1996.
É um programa interessante não só para quem tem idade suficiente para se lembrar da tumultuada época de 1996, que também viu a morte do Fitzroy Football Club, mas também para os adeptos da AFL interessados em mergulhar num pouco de história dramática.
O programa "Footy Feedback", apresentado por Tim Lane e que contava com Connolly e Leigh Matthews como convidados regulares na malfadada rede de televisão paga C7 Sports, transmitiu em direto as imagens das assembleias gerais extraordinárias em que milhares de sócios dos clubes de Hawthorn e Melbourne votaram na proposta da AFL de fundir os dois clubes.
Como parte da agenda de nacionalização da AFL e dos esforços para reduzir o número de equipas vitorianas inviáveis, Ross Oakley ofereceu aos clubes de Melbourne e Hawthorn um total de 6 milhões de dólares para saldar as suas dívidas coletivas, a garantia de 10 jogos em casa por ano no MCG para acalmar as preocupações dos adeptos dos Demons que não queriam que o seu clube se mudasse para Waverley Park e uma generosa lista de 44 jogadores em 1997, composta pelos melhores de ambas as equipas.
A um nível superficial, a fusão fazia todo o sentido: os Melbourne Demons estavam a nadar em dinheiro, mas não tinham sucesso em campo nem um local que albergasse tanto a sua sede administrativa como o centro de treinos, enquanto os Hawks enfrentavam dívidas crescentes de milhões de dólares, apesar de terem sido o clube dominante nos 10 anos anteriores.
Os "Melbourne Hawks" seriam sediados no Glenferrie Oval, vestiriam a camisola vermelha e azul dos Demons com um falcão castanho e amarelo no peito e teriam uma mistura de canções dos dois clubes, o que era audivelmente abominável.
A lenda do clube, Don Scott, e o empresário de Melbourne e futuro presidente do Hawthorn, Ian Dicker, lideraram a resistência do lado de Hawthorn, lançando a bem-sucedida "Operação Vingança", inspirada na campanha de angariação de fundos "Fightback" de Footscray, em 1989, para salvar o clube de uma fusão forçada com o Fitzroy.
O discurso de Scott no Centro Cívico de Camberwell continua a fazer parte do folclore do futebol devido ao gesto de desafio em que arrancou um logótipo dos Hawks com velcro da parte da frente da camisola proposta para os Melbourne Hawks, deixando apenas as cores azul e vermelha de Melbourne, numa declaração sobre a identidade desequilibrada que ele acreditava que o clube resultante da fusão teria levado para a frente.
A reunião dos Hawks no Dallas Brooks Hall, em Carlton, aprovou a proposta de fusão por uma pequena maioria, embora milhares de adeptos não tenham conseguido entrar no recinto sobrelotado para votar, enquanto os membros do Hawks a rejeitaram por uma maioria de quase dois terços, apesar de o presidente Richard Loveridge e o lendário treinador Allan Jeans terem pedido um voto "sim" para garantir a sobrevivência do clube.
Os locutores desportivos Andy Maher e o falecido Rob Gaylard tiveram dificuldades para conduzir entrevistas ao vivo diante de um cenário de cantos furiosos (e às vezes vulgares) contra a fusão em ambos os locais, mas isso certamente resultou numa televisão ao vivo brilhante!