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Baggio preocupado com suplementos médicos administrados durante a sua carreira

Dino Baggio jogou com Gianluca Vialli e Sinisa Mihajlovic
Dino Baggio jogou com Gianluca Vialli e Sinisa MihajlovicAFP

O antigo internacional italiano, Dino Baggio, antigo companheiro de equipa dos recém falecidos Gianluca Vialli e Sinisa Mihajlovic, disse esta quarta-feira que é "necessário investigar" as "substâncias" médicas administradas aos futebolistas em Itália nos anos 90.

Em entrevista à Gazzetta dello Sport, o ex-jogador profissional entre 1990 e 2005 assegura que não se refere a substâncias dopantes, justificando as declarações feitas na véspera na televisão italiana, mas sim a "suplementos" e medicamentos tomados durante a carreira.

"Imagine se os médicos nos pudessem dar substâncias dopantes: tínhamos controlos a cada três ou quatro dias? Não, gostaria simplesmente de saber pelos cientistas se os suplementos (legais) que tomamos podem, a longo prazo, criar problemas nos nossos corpos", explica Dino Baggio, de 51 anos, cujo palmarés inclui três Taças UEFA (atual Liga Europa): uma com a Juventus em 1993 e duas com o Parma em 1995 e 1999.

"O meu raciocínio vem da dor que sinto com a morte de Vialli, que sempre considerei um amigo e que tanto me ajudou, de Mihajlovic e de outros rapazes que, como eu, jogaram futebol nos anos 90. (...) Penso que é necessário investigar as substâncias farmacológicas tomadas nessa altura", acrescentou o antigo colega de equipa de Vialli na Juve e Mihajlovic no Lazio, em Roma.

Vialli morreu a 6 de janeiro, com 58 anos, após um cancro pancreático, e Mihajlovic morreu a 16 de dezembro, com 53 anos, depois de ter lutado contra a leucemia nos últimos anos.

"Gostaria que a ciência nos pudesse dar respostas sobre os medicamentos que nos foram dados para recuperar de lesões ou recuperar energia", insiste o antigo meio-campista, que também está preocupado com os produtos utilizados para cuidar da relva.

"Temos de ser cautelosos"

A preocupação de Baggio foi também expressa por Florin Raducioiu, um ex-jogador internacional romeno de 52 anos, que actuou em Itália.

Questionado pela Orange Sports, disse desejar "ter uma conversa" com o "médico do Brescia", clube onde jogou nos anos 90, sobre a "medicação" que tomava.

"Eu não sabia (que medicação nos foi dada). Disseram-me sempre que era glucose (...). Era um líquido cor-de-rosa que foi preparado na véspera dos jogos, à noite no hotel", disse.

O treinador italiano Roberto Mancini, que era próximo de Gianluca Vialli, apelou, no entanto, a "grande cautela" com as declarações de Dino Baggio.

"Infelizmente, as coisas (doenças) acontecem aos jogadores mas também às pessoas normais (não jogadores de futebol), é preciso ter cuidado", respondeu quando questionado sobre estas declarações.