“A seleção deu sinais positivos na preparação, logo à cabeça com a vitória sobre a Espanha (76-74 em Málaga, a 5 de agosto), que, mesmo sendo num particular, foi um marco importante. Também teve outros jogos bem conseguidos e que dão confiança”, disse à agência Lusa o antigo base.
Ainda assim, Miguel Minhava faz depender uma boa prestação, que passa pelo “apuramento” para os oitavos, do embate inaugural do Grupo A do Europeu de basquetebol, marcado para quarta-feira, em Riga.
“Acho que o que possamos fazer está muito dependente do primeiro jogo, frente à República Checa. O primeiro jogo é fundamental e, se o ganharmos, temos todas as condições para nos apurar”, frisou o agora treinador.
Minhava lembrou que, depois, do embate com os checos, seguem-se “três jogos mais difíceis”, pelo que, não vencendo o jogo de estreia, a situação “complica-se muito”, ainda que, lembrando o triunfo com a Espanha, não descarte uma “surpresa” face à Letónia, algo que será “mais complicado” de fazer com Sérvia ou Turquia.
“Numa visão realista, Portugal, República Checa e Estónia vão lutar pelo quarto lugar do grupo, pelo que, ganhando o primeiro jogo, poderemos discutir no último o apuramento com a Estónia”, prosseguiu, lembrando que também é possível um cenário de igualdade a três, com a diferença de pontos a decidir.

Para conseguir os seus objetivos, Portugal tem uma grande arma, segundo Miguel Minhava: “Não podemos ignorar a presença do Neemias, que nos dá uma dimensão que nunca tivemos. É disto que estamos a falar”.
“É um jogador interior, com uma presença física incrível e qualidade técnica. Tem números excelentes na seleção, para os minutos que faz, e é um jogador que vale muito para além dos números”, explicou.
Minhava lembrou a capacidade para “condicionar os lançamentos dos adversários e intimidar” os que entram para o cesto e “sabem que ele anda por ali”, sendo algo que “nem é quantificável na estatística, mas tem um reflexo claro na equipa”.
“Ele tem um desempenho individual excelente e, ao mesmo tempo, um efeito gigantesco no coletivo, como nunca tivemos”, reforçou, acrescentando que Neemias “só terá de gerir bem as faltas, pois o seu impacto em campo está bem à vista”.
Além de Neemias, Minhava lembrou que há ainda Travante, o que confere “uma dimensão defensiva muito interessante”, como a seleção lusa mostrou no jogo com a Espanha”.
“Condicionámos muito a Espanha com a nossa defesa. Temos de apontar para aí, pois temos uma equipa muito mais vocacionada para defender bem e correr. Se fizermos isso, estamos bem”, frisou.
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Como ponto mais débil, o ex-base gostaria de ver “mais algum talento ofensivo”, acrescentando que, “em alguns momentos”, a equipa parece ficar “refém de um ou outro jogador”, sendo que, “se todos chegarem bem, o coletivo pode resolver”.
Miguel Minhava representou Portugal nas fases finais de 2007 e 2011 e, a primeira, recorda-a como “o ponto mais alto” do basquetebol luso, que espera poder ser agora replicado, com o “grande momento que foi passar à segunda fase”.
“Chegar à fase final foi muito difícil, porque só se qualificavam 16 seleções e não as atuais 24. Queríamos sempre mais, mas fizemos uma boa prestação, com vários jogadores no ‘prime’. Atingirmos o ponto alto enquanto seleção nacional. Foi incrível”, frisou.
Quanto a 2011, Minhava reconheceu que “não foi bom”, face às cinco derrotas em cinco jogos, mas lamentou as lesões que condicionaram a equipa e, especialmente, a derrota com a Polónia, à terceira jornada, uma “machadada’ nas aspirações lusas.
“Foram duas experiências muito boas, muito enriquecedores, que deviam ser mais a regra e não a exceção. Em 20 anos, esta é apenas a terceira participação numa fase final, o que é manifestamente pouco. Temos de apontar a mais, querer mais enquanto seleção”, frisou o ex-técnico dos sub-23 do Sporting.
Segundo Minhava, as escassas presenças da seleção das ‘quinas’ devem-se a um “problema muito grave na formação”.
“Estamos a trabalhar da mesma forma, com os mesmos modelos competitivos e a cometer os mesmos erros do passado. Não estamos a conseguir formar os jogadores que tínhamos de formar. Não só não andámos para a frente, como regredimos”, explicou.
O agora treinador lembrou que “Neemias só deu o grande salto quando saiu de Portugal” e sugeriu, por exemplo, que se faça “uma liga nacional de sub-21 ou sub-22 e que o campeonato de sub-18 passe a nacional desde o início”.
“Tem de ser feito um investimento urgentemente. O pior que pode acontecer é olharmos para estes apuramentos – Europeus masculino e feminino - e pensarmos que está tudo bem. Não temos jogadores na seleção com 19 ou 20 anos e isso tem de alarmar. Pensar que está tudo bem seria um erro gigantesco, que iria comprometer as próximas gerações”, finalizou.