Joana Soeiro apaixonou-se pelo basquetebol na Gafanha da Nazaré, um pouco por influência do irmão, e deu asas ao sonho aos 19 anos quando decidiu embarcar rumo aos Estados Unidos para conciliar a sua paixão com uma licenciatura em Gestão.
"As universidades norte-americanas enviavam olheiros para verem os jogos das seleções europeias e selecionarem jogadoras para bolsas de estudo. Mas era uma coisa tão longínqua e eu era tão nova que não tinha essa obsessão, nem esse sonho. Depois começámos a receber cartas em casa das universidades e dos colégios e os meus pais ficaram chocados. Foi aí que começou, foi uma sensação boa, também fruto de muito trabalho e de ter abdicado de muitas coisas", recordou a base portuguesa, em declarações ao podcast Tiebreak.
"Quando fui para os Estados Unidos e decidi dar esse rumo à minha carreira, a minha prioridade foi poder conciliar a licenciatura com o basquetebol. Aqui em Portugal sentia que não estava a ter um bom rendimento na universidade e quando tentava dar mais de mim na universidade, sentia que não estava a 100% nos treinos. (...) Foi uma experiência muito boa, voltei realizada e não me arrependo de nada", completou.
Acabou por regressar a Portugal pela porta do União Sportiva, dos Açores, até assinar pelo Benfica, aos 24 anos, onde em quatro temporadas conquistou tudo o que havia para conquistar em território nacional. Voz ativa pelo crescimento da modalidade, Joana Soeiro aponta o caminho para o basquetebol feminino português.
"Igualdade. Temos de reforçar constantemente para que não se esqueça, porque infelizmente é algo que acontece muito. Mas a nível da nossa Federação, essa desigualdade de há, uns sete ou oito anos, tem vindo a encurtar cada vez mais e mais. Mas a nível de clubes ainda há muito, muito a fazer. Mas sinto que está a melhorar e no Benfica nós ajudámos nisso. Sinto que estamos no caminho certo", anotou.
Por fim, a questão: alguma vez pensou desistir? "Várias, várias vezes. Quando somos profissionais levamos o nosso corpo e a nossa cabeça a lugares que nem sabíamos que existiam. Em termos de esforço, ultrapassar lesões, entre outras coisas, não é nada fácil. Então, lidar com isso tudo leva-nos muitas vezes a pensar se 'será que ainda é isto que quero fazer?'. Aconteceu várias vezes, mas sou uma pessoa mentalmente forte".