Contexto

Aos Minnesota Timberwolves foi-lhes prometido o inferno, mas agora estão à beira do céu. Depois de terem varrido os Suns, conseguiram finalmente levar a melhor sobre os atuais campeões, os Nuggets, após sete jogos de grande nível, durante os quais passaram por todos os tipos de altos e baixos: a vencer por 2-0, a perder por 3-2, a triunfar no final do jogo 7, uma série sensacional que os levou ao nível seguinte.

Foi uma oportunidade para ver mais uma vez o talento desta equipa, mas acima de tudo a sua força mental. Muitos teriam sucumbido perante tanta pressão nos jogos 6 e 7, mas o cheiro a sangue atrai claramente os lobos de Minneapolis. Com uma equipa inigualável, um franchise player idolatrado e comparado a lendas, Minny está a surfar a onda depois de uma época regular já de si bem sucedida. Será suficiente para chegar à final?

Difícil de dzier. Os Dallas Mavericks têm todos os motivos para estarem confiantes. Especialmente depois de vencerem os Thunder, líderes da fase regular no Oeste. E isto apesar do facto de um certo génio esloveno parecer estar em declínio, só recuperando a  forma no final da série. Portanto, há ainda espaço para melhorias nos texanos, que são a única equipa do Oeste a chegar à final da conferência duas vezes nas últimas quatro épocas.

Poderíamos voltar a falar da época de 2023, mas os factos estão à vista: Dallas é candidato ao título com provas dadas e quer chegar ao duelo decisivo 13 anos depois. Não é algo fácil, mas os Mavs estão confiantes na sua força e no seu backcourt, uma arma de destruição maciça. Por isso, podem encarar a série com alguma certeza.

Histórico

Os Minnesota venceram por 3-1 nos confrontos da época regular. Saltemos até à última vitória, já que os Mavs foram dizimados nesse dia. Nas outras duas vitórias dos Wolves, um certo Ant marcou 9 e depois 44 pontos, provando que a sua equipa pode ganhar quer jogue bem ou mal. Em contrapartida, foram precisos 69 pontos do duo Doncic-Irving para arrancar a única vitória dos Dallas, que chegam a esta ronda como chegaram à última, perdendo a série da fase regular. O resto é história...

Na história dos play-offs, só houve um encontro, na primeira ronda da época 2001/2002, quando ainda se jogava à melhor de 5 jogos. Dallas, impulsionados por um certo Dirk Nowitzki a caminho de se tornar o jogador que conhecemos, afastou uma equipa de Minnesota em que Kevin Garnett ainda estava demasiado sozinho. É difícil imaginar que esse cenário se repita aqui.

Análise do 5 inicial

Mike Conley vs Kyrie Irving: O veterano base está de volta às finais de conferência 11 anos depois de ter jogado em Memphis. A sua experiência é fundamental, como se viu na ronda anterior, mas vai sofrer, principalmente defensivamente, contra um Uncle Drew que volta a ser um terror, mas que precisa de apresentar uma série mais regular para assumir a ascendência neste duelo.

Anthony Edwards vs Luka Doncic: Protejam-se todos, este vai dar faísca entre um Ant-Man - que todos comparam a Michael Jordan - e um Luka Magic que fez uma média de 25/10/9 ao pé-coxinho na série anterior. O objetivo: ser o melhor jogador da série. No papel, é o esloveno. Em campo, estamos ansiosos por ver. Mas, acima de tudo, será um banquete para os olhos.

Jaden McDaniels vs Derrick Jones Jr: O extremo dos Wolves foi crucial nos últimos dois jogos da série contra os Nuggets. Se mantiver o seu sucesso de lançamento e atividade defensiva, será o fator X, um papel que DJJ ambiciona, que não lhe era esperado, mas no qual tem crescido e que pode muito bem anular o adversário caso se mantenha ao mesmo nível.

Karl-Anthony Towns vs PJ Washington: Não se esperava que Washington, antigo jogador dos Hornets, estivesse a este nível depois de um desempenho impressionante contra os Thunder, série que terminou com uma média de 18 pontos. No entanto, terá um papel mais defensivo para contrariar KAT, que tem sido muito inconsistente nestes play-offs, mas cujo fulgor ofensivo será mais importante do que nunca para potenciar os Wolves.

Rudy Gobert vs Daniel Gafford: Depois de lidar com um três vezes MVP durante vários jogos, o Gobzilla volta ao normal e terá de confirmar a evolução no ataque, ao mesmo tempo que bloqueia os ressaltos de um poste que ocupa espaço, mas que é sobretudo cansativo, uma vez que o seu tempo de jogo é limitado. Cabe ao francês causar impacto suficiente para vencer a guerra debaixo da tabela.

O banco

Os Minnesota contam ainda com o Sixth Man of the Year ("O melhor jogador a sair do banco"), Naz Reid, que desempenhará, sem dúvida, um papel crucial como principal impulsionador dos Wolves. Porque, para além dele e do regressado Nickeil Alexander-Walker, é difícil imaginar outros a sair do banco. No entanto, estamos nos play-offs, e dois substitutos de qualidade podem ser suficientes.

No lado oposto, Tim Hardaway Jr., que passou ao lado da série contra os Thunder, terá de reagir e voltar ao seu nível da época regular. Mas também queremos ver se Dereck Lively II, que foi crucial nos dois últimos jogos, consegue manter a boa forma, pois terá sem dúvida tempo de jogo para o fazer. Por último, resta saber se a dupla Josh Green e Jaden Hardy poderá ter algum impacto.

Previsão

Esta vai ser uma final de conferência dos diabos. Ao contrário do que aconteceu em 2022, os Mavs não se apresentam como vítimas expiatórias. Tendo aprendido a lição da primeira vez e vencido a segunda, Dallas ganhou experiência e reforçou o seu plantel, chegando em muito melhor forma desta vez.

Para este grupo de Minnesota, dois anos após o enorme risco assumido com a troca de Rudy Gobert, esta final é uma grande oportunidade para cimentar uma época já histórica. Mas o apetite dos Wolves vem com a comida e, depois de derrotarem os atuais campeões, é evidente que não serão os texanos a assustá-los.

Uma escolha tinha de ser feita e recaiu sobre a equipa com o melhor jogador da série: Luka Dončić. Recuperado, o esloveno terá de encontrar o equilíbrio certo entre desempenhos lendários e um jogo de equipa bem oleado. Se for esse o caso, uma vitória de 4-2 para os Mavs está nas cartas. Caso contrário, poderemos assistir a uma batalha intensa até ao fim. E isso é tudo o que queremos.