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NBA: Knicks deixam Nova Iorque a sonhar

Adeptos dos Knicks comemorando nas ruas de Nova York.
Adeptos dos Knicks comemorando nas ruas de Nova York.LEONARDO MUNOZ/AFP
"Os Knicks fizeram-me chorar todas as épocas. Talvez não este ano"... Tal como a adepta Alicia Kahn, de 32 anos, os nova-iorquinos estão prontos para explodir de paixão pelo franchise da NBA, mais uma vez competitivo numa cidade onde o basquetebol é rei, desde os parques infantis até ao movimentado Madison Square Garden.

Como prova deste fervor, cenas de júbilo acompanharam cada uma das vitórias dos Knicks sobre os seus ferozes rivais, os Boston Celtics , na segunda ronda dos play-offs. Tudo culminou na sexta-feira com a presença na final da Conferência Este, o penúltimo passo no caminho para o título e o primeiro de Nova Iorque desde 2000. Milhares de adeptos em êxtase encheram as ruas de Manhattan enquanto o Empire State Building se iluminava de azul e laranja, as cores da equipa.

"Não consigo imaginar o que vai acontecer se eles ganharem o campeonato", sorriu outro adepto, Mark Buconjic, à porta do MSG, a sede da equipa no coração de Manhattan: "Os nova-iorquinos são os adeptos mais loucos", avisa Alicia Kahn.

Jalen Brunson, Karl-Anthony Towns e Mikal Bridges ainda não chegaram lá, pois as finais de conferência contra os Indiana Pacers começam na quarta-feira e depois uma possível final contra os vencedores do Oeste.

"Demasiado tempo"

Mas a esperança de um primeiro título da NBA em mais de meio século foi suficiente para despertar o ardor da megalópole de mais de 8 milhões de habitantes, que muitas vezes fica com fome, apesar de um cenário desportivo abundante, dos Yankees aos Mets (basebol), dos Giants aos Jets (futebol), dos Rangers (hóquei no gelo) aos Brooklyn Nets (basquetebol).

"Tenho quase 40 anos e nunca os vi ganhar. Estar tão perto depois dos últimos 20 anos, que foram tão maus, antes da chegada de Brunson e dos outros jogadores, é uma sensação fantástica", explica Mark Buconjic.

Um paradoxo gritante. Ao pé dos prédios, nos "playgrounds" (parques urbanos), a cidade é gigantesca e está cheia de campos de betão em bruto, onde pessoas de todas as idades driblam. Um dos mais famosos, o Rucker Park, ao pé dos bairros sociais do Harlem, é uma instituição do basquetebol de rua que já viu passar pelos seus portões nomes como Kobe Bryant.

Apesar disso, os nova-iorquinos devem o seu único título recente ao Liberty, da liga feminina, em 2024. Para os Knicks, é preciso recuar até 1973.

"Já passou demasiado tempo", suspira Alicia Kahn.

Nostalgia

"Revivo a minha infância quando vejo esta equipa competitiva e unida", saboreia Thomas Batsilas, 41 anos, nostálgico dos anos 90, a era de Patrick Ewing, Charles Oakley e John Starks, a última vez que a equipa de Nova Iorque esteve perto do topo, perdendo duas finais (em 1994 e 99).

Este contabilista de Queens compara o fervor da cidade pelos Knicks ao de Manchester (Inglaterra) pelo futebol.

Muitos adeptos também gostam de ver o que resta da alma popular de Nova Iorque nos Knicks, onde o fervor é transmitido de geração em geração. Mesmo que os bilhetes mais baratos para as finais de conferência custem cerca de mil dólares (887 euros).

"É uma equipa com a qual as pessoas se identificam. Eles jogam duro, jogam juntos. São duros e a cidade também", diz Mark Buconjic, que também vive no bairro operário de Queens: "Nada é fácil para os nova-iorquinos, a não ser que se seja rico. Aqui, temos sempre de trabalhar pelo que temos. Acho que isso se nota neles", explica o diretor comercial.

"É muito mais do que basquetebol", acrescenta Christina St Louis, uma fã de 37 anos que cresceu no Harlem: "Trata-se de dureza, coragem, luta, resiliência (...). Está na cultura de um nova-iorquino".

Acompanhe o primeiro jogo das finais de Conferência Este