"É a primeira vez que vimos vê-lo. Ele é incrível, consegue fazer tudo: desarmar, marcar triplos, fazer afundanços. É um génio", sorri o seu pai, Xavier Herrera, antes do encontro frente aos Wizards de Washington no domingo (vitória dos Spurs por 124-113).
A família percorreu mais de duas horas de estrada para ver o seu favorito no recinto da capital norte-americana. Estão longe de ser os únicos. O nome dele surge nas t-shirts pretas e brancas dos adeptos e alimenta as conversas.
As filas, normalmente com lugares vazios, estão cheias. Mais de 20 mil pessoas vieram admirar a dimensão do seu talento, batendo o recorde de assistência da época.
"É um poste, não dá para não o ver!", brinca Jacob Ottinger, adepto dos Spurs desde sempre, a referir-se aos 2,24 metros do francês de 21 anos.
Idolatra-o desde que chegou, há dois anos. "O mais impressionante nele é a mentalidade. Trabalha imenso, tem sempre vontade de vencer e, acima de tudo, não se comporta como uma superestrela. Todos nos apaixonámos por ele", elogia o adepto de 27 anos, de óculos de armação quadrada e barba castanha.
Para a ocasião, vestiu a camisola dos "Mets 92", o clube de Levallois-Perret, perto de Paris, onde Victor Wembanyama deu nas vistas antes de chegar ao palco principal, na NBA.
"Torre de vigia"
O atleta natural dos Yvelines, na região parisiense, está a protagonizar um início de época brilhante com os Spurs, com uma média de 25 pontos e 12 ressaltos por jogo. A formação de San Antonio ocupa o topo da classificação, na 2.ª posição, com três quartos dos jogos ganhos.
"Não esperava mesmo um arranque de época assim. Pensei que íamos ter uma época de transição, mas em vez disso já estamos a pensar na primeira ronda dos play-offs e, quem sabe, depois, na final de conferência!", entusiasma-se Xavier Herrera. Para ele, a final da Taça da NBA, perdida pelos Spurs em Las Vegas frente aos New York Knicks há uma semana, deve servir de "trampolim" para conquistar títulos.
A única preocupação dele: a saúde do seu protegido.
Lesionado na perna esquerda e afastado durante várias semanas, Wembanyama, comparado a um "alien" pela superestrela dos Lakers Lebron James, está a regressar gradualmente, com tempo de utilização limitado. No domingo, em Washington, esteve 22 minutos em campo e passou toda a parte final do jogo no banco.
"O melhor é deixá-lo descansar nos jogos menos importantes para podermos contar com ele durante toda a época", garante Carlos Salas, de 53 anos, que foi assistir ao encontro com o filho de 14 anos.
O que mais impressiona o natural de San Antonio é a combinação de "facilidade" e "presença". "Quando está à tua frente, não consegues simplesmente entrar na área e lançar. É mesmo uma torre de vigia." Para ele, Wembanyama é "claramente uma futura lenda do basquetebol".
Um talento francês faz lembrar outro. "Sou um grande fã do Tony Parker!", exclama, com ar bem-disposto, Jacob Ottinger. "Deixou uma marca indelével na nossa equipa", com, entre outros feitos, quatro títulos da NBA.
Por isso, para conquistar o próximo, "quem melhor do que outro prodígio francês?".
