A corrida aos playoffs
Na temporada passada, os Minnesota Timberwolves chegaram à final da Conferência Oeste pela primeira vez em duas décadas. Depois de uma fase regular de alto nível e playoffs consistentes, a equipa eliminou os Denver Nuggets num emocionante jogo 7 das meias-finais. No entanto, o sonho terminou frente aos Mavericks, impulsionados por um Luka Dončić absolutamente imparável.
As expectativas para a nova época estavam em alta — até que o front office decidiu arrefecer os ânimos ao negociar Karl-Anthony Towns para os New York Knicks. Oficialmente, por razões financeiras.
A chegada de Julius Randle revelou-se difícil de encaixar, e os Timberwolves terminaram a fase regular com menos sete vitórias do que no ano anterior. Mas foi nos playoffs que a verdadeira identidade da equipa voltou a emergir. Perante adversários como os Lakers e os Warriors, Minnesota impôs o seu basquetebol físico, solidificou a defesa e neutralizou as principais estrelas rivais. Venceram ambas as séries por 4-1, sem nunca vacilar.
Esta equipa mostra claramente duas faces — mas é nos playoffs que revela o seu verdadeiro ADN. É difícil não considerá-los uma equipa de pós-temporada por excelência.
Ao fazê-lo, os Timberwolves tornaram-se a primeira equipa a alcançar duas finais da Conferência Oeste desde os Golden State Warriors (2015–2019) — um feito que comprova a qualidade e consistência desta formação. No entanto, os Oklahoma City Thunder mostraram-se demasiado fortes: 4-1 na série, com uma goleada no jogo decisivo. O Minnesota nunca pareceu verdadeiramente disposto a lutar pela vitória. Esta campanha de playoffs foi, ao mesmo tempo, tranquilizadora e preocupante — um verdadeiro paradoxo.
Tranquilizadora, porque os Wolves afirmaram-se, de forma clara, como uma força consolidada no Oeste — a mais competitiva das duas conferências. Mas preocupante, porque em ambas as finais de conferência disputadas recentemente, a equipa nunca demonstrou ter armas suficientes para ultrapassar esse patamar.
Terão atingido o seu limite? Nesta configuração, tudo indica que sim.
As desilusões
O “Homem-Formiga” carregou os Timberwolves nas duas primeiras rondas dos playoffs, com uma média impressionante de quase 27 pontos por jogo, incluindo um pico de 44 pontos frente aos Lakers. No entanto, contra os Thunder — a melhor defesa da NBA — nunca conseguiu encontrar soluções, e a sua média caiu para 23 pontos. Ainda assim, trata-se de um número respeitável, tendo em conta o contexto. Mas de um líder espera-se mais, especialmente nos momentos decisivos — e Anthony Edwards não conseguiu ser essa referência de forma consistente.
A maior deceção, contudo, veio do interior. Nem Rudy Gobert nem Naz Reid conseguiram desequilibrar. As limitações ofensivas do poste francês são sobejamente conhecidas, mas uma média de 5,8 pontos nesta fase é inédita — e alarmante. Já Reid, eleito 6.º Homem do Ano na época passada e considerado um dinamizador vindo do banco, falhou em dar profundidade à rotação. Nem sequer atingiu uma média de 10 pontos por jogo, numa área que acabou por custar caro aos Wolves.
Quanto ao restante plantel, o plantel de apoio revelou-se demasiado irregular. Chegou a ameaçar salvar o dia no Jogo 4, mas sem consistência suficiente para sustentar a ambição da equipa. No fim de contas, apenas Julius Randle esteve verdadeiramente à altura das expectativas.
Tudo isto levanta questões importantes para o verão: até onde pode ir esta versão dos Wolves? E o que falta para dar finalmente o salto?
O futuro
Randle e Reid têm uma opção de jogador para a próxima temporada. Se ambos a exercerem — e tudo indica que sim — os Timberwolves terão mais de 172 milhões de euros já comprometidos em salários. Com este peso na folha salarial, torna-se difícil reforçar a equipa de forma significativa, sobretudo porque se assume que o trio Anthony Edwards, Rudy Gobert e Jaden McDaniels é intocável.
Neste cenário, trocar Julius Randle surge como a solução mais lógica — mas levanta a questão: o que se poderia obter em troca?
Uma alternativa poderia passar por promover Naz Reid ao cinco inicial, libertando espaço para investir num sexto homem de qualidade, alguém capaz de contribuir tanto na época regular como nos playoffs. No entanto, isso deixaria o banco enfraquecido e colocaria pressão adicional sobre uma rotação já inconsistente.
As opções são limitadas. Ainda que os Wolves não tenham contratos massivos (apenas Edwards ultrapassará os 40 milhões por ano), a margem de manobra é curta.
A menos que a direção decida que esta versão da equipa já atingiu o seu pico. Duas finais de conferência sem sequer cheirar uma final da NBA pode ser argumento suficiente para uma reformulação profunda.
Manter o núcleo Edwards–Gobert–McDaniels e abrir mão de tudo o resto? Ou até, com alguma relutância, incluir McDaniels num pacote por uma superestrela, arriscando a química atual?
Talvez não fosse a decisão que Edwards gostaria de ver. Mas, por vezes, para vencer, é preciso sacrificar soldados.