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Basquetebol: Wlamir Marques, lenda brasileira, morre aos 87 anos

Wlamir Marques durante homenagem do Comité Olímpico Brasileiro
Wlamir Marques durante homenagem do Comité Olímpico BrasileiroCOB/Divulgação
Faleceu esta terça-feira o ex-jogador de basquetebol Wlamir Marques, uma das maiores lendas da modalidade no país. O bicampeão mundial pela seleção brasileira deixou-nos aos 87 anos. Estava internado na UTI de um hospital particular em São Paulo.

Extremo de enorme qualidade, Wlamir colecionou títulos por onde passou, recebendo inclusive a alcunha de Diabo Loiro. Nasceu a 16 de julho de 1937, em São Vicente, no interior de São Paulo, e tornou-se uma lenda no Corinthians, onde jogou durante 10 anos. O pavilhão do clube, situado no Parque São Jorge, tem o seu nome.

Nas redes sociais, o Alvinegro publicou uma nota de pesar, enaltecendo a trajetória histórica de Wlamir e a sua importância para a instituição.

"O Sport Club Corinthians Paulista lamenta com pesar a morte de Wlamir Marques, um dos seus maiores ídolos da história do basquetebol do clube, aos 87 anos, nesta terça-feira (18)".

Com a camisola do clube paulista, Wlamir Marques conquistou três Sul-Americanos de Clubes, três Brasileiros e cinco Paulistas. A sua passagem recheada de títulos pela equipa deu-se entre 1962 e 1972.

Pela seleção brasileira, o Diabo Loiro conquistou duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos (Roma-1960 e Tóquio-1964), além de ter alcançado a glória global com os títulos mundiais de 1959 e 1963, na era dourada do basquetebol brasileiro.

A Confederação Brasileira de Basketball (CBB) manifestou-se nas redes sociais sobre o falecimento de Wlamir Marques, destacando o legado do ex-jogador e o seu impacto na modalidade.

"Wlamir Marques, o Diabo Loiro ou o Disco Voador, será eternamente lembrado não apenas pelas suas vitórias e medalhas, mas também pela sua ética, garra e espírito de equipa. A sua dedicação ao desporto inspirou gerações de atletas e ficará gravada na memória de todos os que tiveram o privilégio de testemunhar a sua carreira", escreveu a entidade.

A lenda do desporto brasileiro recebeu uma homenagem marcante em 2023, ao ingressar no Hall of Fame da FIBA, a Federação Internacional de Basquetebol. Dois anos antes, foi eternizado no Hall of Fame do Comité Olímpico Brasileiro (COB).

O ex-jogador destacou-se também como comentador da modalidade nos canais ESPN, do Grupo Disney.

A trajetória de Wlamir Marques

O extremo Wlamir Marques representou a seleção durante duas décadas e conquistou duas medalhas olímpicas: bronze em Roma-1960 e Tóquio-1964, onde foi porta-bandeira da delegação brasileira tanto na cerimónia de abertura como na de encerramento. Também participou noutras duas edições: foi 6.º em Melbourne 1956 e 4.º na Cidade do México 1968.

Com 10 anos, Wlamir Marques já jogava pelo Tumiaru, equipa da sua cidade natal, São Vicente (SP). Em 1953, passou a representar o XV de Piracicaba, onde aperfeiçoou o seu jogo, até que, aos 25 anos, foi contratado pelo Corinthians, em 1962. Desde 2016, o seu nome está imortalizado no Pavilhão Polidesportivo do Parque São Jorge. Já campeão mundial, foi negociado numa troca por um jogador de futebol do Corinthians, o avançado Ubiracy. Pelos dois clubes, Marques foi 10 vezes campeão paulista.

Mas as maiores glórias da sua carreira surgiram ao lado de ídolos como Amaury Passos, Algodão, Rosa Branca e Ubiratan, a geração mais vitoriosa do basquetebol brasileiro. Juntos, conquistaram, além das duas medalhas olímpicas, os títulos nos Mundiais de Santiago 1959 (onde Wlamir foi eleito o melhor jogador do torneio) e Rio-1963, além dos vice-campeonatos no Rio-1954 e em Liubliana-1970. Wlamir ainda conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo-1963 e as de bronze nos Pan-Americanos do México-1955 e Buenos Aires-1959.

Após a reforma, iniciou a carreira de treinador em Limeira. Dirigiu tanto equipas masculinas (Jundiaí, Corinthians, Campinas, Palmeiras, Hebraica, Cerquilho e Pinheiros), como femininas (Corinthians, XV de Piracicaba e São Caetano). Foi três vezes campeão paulista feminino e uma vez masculino. Além disso, destacou-se como comentador de televisão a partir de 1982.

Eleito o 9.º maior atleta brasileiro de todos os tempos numa lista de 50 nomes publicada em 2010 pela Revista ESPN, Wlamir Marques foi distinguido com a Cruz do Mérito Desportivo (1953) e o Troféu Heims de Melhor da América do Sul (1961).