May participará a partir de sábado na etapa francesa da Taça do Mundo de Natação Artística, uma competição que se realiza em Saint-Denis (arredores a norte de Paris) e que serve também de teste para o novo Centro Aquático onde se realizarão as competições olímpicas dentro de três meses.
Para obter o seu bilhete, May, 45 anos, tem de convencer o treinador a incluí-lo ao lado das sete americanas que competem em Paris-2024 na prova de equipas, a única para a qual é elegível, uma vez que não há prova individual masculina nos Jogos.
"É algo que nunca pensei poder alcançar na minha carreira", disse à AFP May, um pioneiro da modalidade, que espera "inspirar outros atletas masculinos ou outros que queiram representar a diversidade em qualquer desporto".
May começou a praticar natação artística aos 10 anos e formou um dueto com a sua irmã. "Sempre me senti apoiado", disse à AFP numa entrevista em Eaubonne, na região de Paris.
Acabou por ganhar o campeonato americano de dueto e foi nomeado o homem do ano na natação sincronizada (o antigo nome da natação artística) em 1998 e 1999.
Como os Jogos Olímpicos não eram abertos aos homens nesta disciplina, que na altura era reservada apenas às mulheres, optou por deixar de competir e canalizou os seus talentos aquáticos para o Cirque du Soleil.
Dez anos retirado
A Federação Internacional de Natação alterou as suas regras para incluir os homens nos Campeonatos do Mundo de 2015, em Kazan (Rússia). Foi assim que Bill May decidiu voltar à competição depois de mais de uma década na reforma.
Em 26 de julho de 2015, tornou-se o primeiro homem a ganhar uma medalha de ouro numa prova de natação artística num grande evento, fazendo par com Christina Jones num dueto técnico.
O seu sonho olímpico ganhou forma quando, antes do Natal de 2022, um amigo lhe anunciou que a natação sincronizada ia fazer parte do programa dos Jogos Olímpicos. "Ele perguntou-me se eu queria arriscar e eu disse que sim. É a minha vida", disse.
Nos Campeonatos Mundiais de Budapeste 2017, Fukuoka 2023 e Doha, em fevereiro último, a sua ambição foi reforçada com mais lugares no pódio.
O problema para May, para além da idade, é que nos Jogos Olímpicos há apenas uma competição por equipas, cuja classificação é estabelecida pela acumulação das notas das três disciplinas (técnica, livre e acrobática), enquanto nos Campeonatos do Mundo há uma classificação para cada disciplina.
May é particularmente forte na prova técnica, mas terá de convencer o selecionador do seu país de que o seu nível é suficiente.
A decisão deverá ser anunciada a 9 de junho.