Na apresentação de um novo documentário sobre os seus sucessos dentro no court e os casos fora dele num festival de cinema em Berlim, o antigo tenista de 56 anos disse que o seu antigo pupilo tem sido um firme aliado.
"Novav Djokovic tornou-se num membro da família. Vocês sabem que tínhamos uma relação profissional durante muitos anos e seguimos caminhos diferentes em 2016. Mas sempre nos mantivemos próximos e especialmente durante o meu tempo dentro (da prisão) - ele apoiou-me, apoiou a minha família", disse Becker em conferência de imprensa.
De 2014 a 2016, o alemão treinou Djokovic a seis das 22 vitórias em Grand Slams - o sérbio disse ter ficado de "coração partido" quando o antigo treinador foi condenado a pena de prisão.
Uma máquina de vitórias no ténis
Djokovic participa no documentário "Boom! Boom! The World vs Boris Becker" do diretor vencedor de um Óscar Alex Gibney e fala sobre aprender acerca de "força mental" sob pressão enquanto foi treinado por Becker.
O alemão, seis vezes campeão de Grand Slam e o mais jovem vencedor de Wimbledon com 17 anos, agradeceu às lendas John McEnroe e Bjorn Borg por participarem no final com Djokovic.
"Estou muito orgulhoso que o provável melhor jogador de todos os tempos faça parte da história de Boris Becker", disse, referindo-se a Djokovic.
Becker referiu que a rivalidade de Djokovic com Rafael Nadal ajudou a revitalizar o ténis mundial - a vitória do sérvio do Open da Austrália no mês passado igualou-o com o espanhol no número recorde de 22 títulos do Grand Slam.
Roger Federer, o terceiro dos "Big Three" ("Os Três Grandes", ndr) que dominaram o ténis masculino nos últimos 15 anos, retirou-se no ano passado com 20 títulos.
"O ténis tem dois reis neste momento e isso é ótimo. É por isso que, agora, o ténis é novamente muito entusiasmante".
Becker foi deportado para a Alemanha do Reino Unido em dezembro, após cumprir oito meses de uma pena de prisão de dois anos e meio por ter desrespeitado as regras de insolvência ao esconder 2,5 milhões de libras (2,8 milhões de euros) em ativos e empréstimos para evitar pagar dívidas.
Desde que reconquistou a liberdade, Becker revelou ter dependido de "irmãos de sangue" para o protegerem na prisão e admitiu ter recebido ameaças de morte por duas vezes atrás das grades.
A primeira de duas partes do documentário para a Apple TV+ estreou no festival de Berlim, o primeiro grande festival de cinema anual da Europa.
No filme, Becker pode ser visto com lágrimos nos olhos a aceitar a sentença e a lutar depois dos passos errados na sua vida.
Becker disse que a tenra idade com que se tornou numa superestrela global e a sua dependência de conselheiros imprudentes ajudaram a construir o caminho para o falhanço mais tarde na vida.
"A vida como uma máquina vencedora de ténis é muito mais difícil do que parece. Viajamos todas as semanas para outra cidade, outro país, outro continente e depois temos de funcionar. Cada jogador tem maneiras diferentes de lidar com estas expetativas, estas pressões e tentar ganhar sempre".
Becker admitiu ter "fraquezas e alguns momentos sombrios", mas acha que a sua vida tumultuosa se emprestou ao cinema.
"A minha vida parece um filme. Só que acontece que foi real...", concluiu.