Gianluigi Buffon falou profundamente de si próprio numa entrevista ao Corriere della Sera. Afirmou que se recusava a tomar drogas porque tinha medo de ficar dependente delas. Por isso, o seu psicoterapeuta aconselhou-o a tentar outra coisa.
"Só o fui ver três ou quatro vezes, mas deu-me conselhos preciosos: cultivar outros interesses, não me concentrar completamente no futebol. Foi então que descobri a pintura. Fui a uma galeria de arte moderna e contemporânea em Turim, onde havia uma exposição de Marc Chagall. Durante uma hora, fiquei parado em frente à sua obra "O Passeio". É um quadro simples que mostra Chagall e a sua mulher Bella de mãos dadas, só que ela está a voar. Voltei à exposição no dia seguinte", revelou ao jornal italiano.
Buffon disse ter procurado ajuda no final de 2003.
"Estávamos no final de 2003, o campeonato tinha começado bem, mas depois começámos a perder o ímpeto. Vínhamos de dois Scudettos seguidos: depois da subida, a descida. O vazio abriu-se à minha frente. Comecei a dormir mal. Deitava-me e ficava ansioso, pensando que não ia dormir nada", contou.
Antes de um jogo do campeonato, teve um ataque de pânico e o então treinador, Ivano Bordon, deu-lhe a possibilidade de não o disputar: "Mas depois disse a mim próprio: 'Gigi, se não jogares desta vez, abre-se um precedente e não poderás jogar da próxima vez'".
O guarda-redes toscano também falou sobre memórias e possibilidades. Revelou que no final da sua carreira, antes de regressar ao Parma, esteve perto da Atalanta: "Gasperini enviou-me mensagem pelo WhatsApp: 'Contigo ganhamos a Liga dos Campeões'. Foi Pirlo quem me convenceu a ficar na Juve", atirou.
Depois tocou num dos temas a que tem sido frequentemente associado, sobretudo pelos tablóides, admitindo que era mesmo uam fraqueza.
"Era, até encontrar o meu centro. Para alguns era um vício. Para mim era adrenalina. De uma coisa tenho a certeza: nunca fiz nada de ilegal. De facto, nunca fui investigado, nunca recebi uma advertência. Porque nunca apostei na Juve, na seleção nacional ou no futebol. Só apostei no basquetebol norte-americano e no ténis. Agora, no máximo, vou duas ou três vezes por ano ao casino. Mas não sinto essa necessidade".

Buffon é considerado um dos melhores guarda-redes da história do futebol. Na sua carreira, ganhou dez títulos da Serie A com a Juventus, onde jogou de 2001 a 2018 e de 2019 a 2021, levantando a Taça de Itália cinco vezes e terminando em segundo lugar na Liga dos Campeões três vezes. Venceu a Taça UEFA com o Parma e o campeonato francês com o Paris Saint-Germain.
Com a Itália, conquistou o título do Campeonato do Mundo de 2006. Disputou um total de 176 jogos pela seleção, um feito nunca alcançado por nenhum outro guarda-redes na história. Com 657 jogos, detém também o recorde histórico de presenças na Serie A. Atualmente, faz parte da equipa técnica do treinador da seleção italiana, Luciano Spalletti.