Se a canoagem reina em termos de modalidade mais bem-sucedida e tem o atleta com mais pódios no conjunto das três missões portuguesas, contando com Baku-2015 e Minsk-2019, há num segundo nível de destaque o atletismo e o ténis de mesa, ambos com cinco pódios – tantos quantos a ginástica - e a completar o trio de modalidades que têm duas medalhas de ouro.
Fernando Pimenta, que chegou à Polónia como o desportista mais bem-sucedido, com quatro pratas, mais um pódio do que a judoca Telma Monteiro, que tem uma de cada (a de prata é de equipas mistas), reforçou esse estatuto com nova prata, em K1 500, que não é a sua distância.
O pecúlio só não pôde aumentar porque estes Europeus tiveram a particularidade de se disputar num lago pequeno, o que impediu a realização das provas de 1.000 e 5.000 metros, precisamente aquelas em que o limiano tinha garantido quatro pódios no passado e são a sua especialidade.
À canoagem faltava, ainda assim, o ouro em Jogos Europeus, que foi garantido por Messias Baptista em K1 200 metros, sucedendo no título europeu a Kevin Santos que, juntamente com Teresa Portela, também amealhou o ouro, em K2 200. Referência, igualmente, para o bronze de Francisca Laia em K1 200 metros.
Com quatro dos 16 pódios portugueses na Polónia, a canoagem valeu exatamente um quarto das celebrações desta missão, que festejou mais um ouro, o de Auriol Dongmo, num concurso de lançamento do peso a 19,07 metros, superiorizando-se, com relativo à-vontade, à alemã Yemisi Ogunleye (18,85) e à sueca Axelina Johansson (18,32).
O campeonato da Europa de seleções de atletismo, sem boa parte das suas figuras proeminentes, garantiu ainda a medalha de prata a João Coelho nos 400 metros e Isaac Nader nos 1.500 metros, que ajudaram Portugal a manter-se entre as 16 formações da primeira divisão, com o oitavo lugar.
O ténis de mesa manteve a tradição de subir ao pódio em Jogos Europeus, amealhando a prata ‘amarga’ de Marcos Freitas – nunca esteve tão perto de um grande título individual – e o bronze das equipas femininas; o madeirense foi ainda quarto em equipas, sendo que um pódio o deixaria isolado no segundo lugar de atletas mais medalhados, com quatro êxitos.
Na bagagem, aquela modalidade trazia o ouro das equipas masculinas em Baku-2015 e o bronze em Minsk, bem como o primeiro lugar de Fu Yu na Bielorrússia.
Ficou a estranheza de Portugal não ter competido em pares mistos, que foi a única variante em Cracóvia a atribuir vagas para Paris-2024.
No lado das surpresas boas, Miguel Frazão e o pódio na esgrima, na especialidade de espada, com uma prata que foi acompanhada do seu irmão Filipe, que afastou, nos quartos de final, fase à qual chegou também Max Rod.
Nas estreias, fica na retina a reviravolta na ‘raça’ da dupla Afonso Fazendeiro/Miguel Oliveira, que levou o bronze no padel, e as pratas no muaythai de Gonçalo Noites (-71 kg) e Matilde Rodrigues (-57 kg).
Maior estranheza causou a ausência no medalheiro da equipa de futebol de praia, depois do bronze em Baku e do ouro em Minsk: os pupilos de Mário Narciso perderam tanto a meia-final como a disputa do bronze no desempate nas grandes penalidades.
Pedro Pichardo, campeão da Europa, mundial e olímpico, estava escalonado para dar outra força ao atletismo português, mas à última não viajou, sendo essa ausência comunicada entre linhas, como se um mero ajuste de pormenor se tratasse.
As 10 medalhas de Baku-2015 resultaram no 18.º lugar entre as nações europeias, as 15 de Minsk-2019 no 17.º e as 16 deste ano no 21.º, numa edição que não contou com a Rússia, clara ganhadora das duas primeiras edições, e Bielorrússia, sétima e segunda classificada, respetivamente, devido à guerra na Ucrânia.
A terceira edição dos Jogos Europeus decorreu entre 21 de junho e no domingo, em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, incluindo Portugal, que contou com uma delegação com mais de duas centenas de atletas.